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Futuro presidente assume compromisso com a liberdade
Quarta-feira, 19 de março de 2001

O inglês naturalizado americano Robert Cox assumirá o cargo de presidente da SIP em outubro, na assembléia geral da entidade. Com a experiência de quem trabalhou por duas décadas na Argentina durante os anos de chumbo, ele destaca o compromisso da imprensa com a sociedade.

O futuro presidente da SIP, Robert Cox, é o que se pode realmente chamar de um jornalista internacional. Nascido em Londres, na Inglaterra, serviu na marinha real britânica antes de se decidir pela carreira jornalística. Aos 25 anos, em 1959, foi contratado para ser editor do jornal The Buenos Aires Herald, permanecendo na Argentina por duas décadas. Foi obrigado a deixar o país em 1979, às vésperas do Natal, devido às seguidas ameaças de morte sofridas por sua família graças a sua atuação na denúncia das atrocidades cometidas pelo regime militar.

Ex-correspondente de publicações como The New York Times, The Washington Post, e The Economist, refugiou-se nos Estados Unidos e adquiriu a cidadania norte-americana. Aos 67 anos, é subdiretor do The Post and Courier, jornal diário publicado na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, com uma circulação média de 150 mil exemplares. Dentro da SIP, já ocupou o cargo de presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação e atualmente é o primeiro vice-presidente da entidade.

Pergunta - O senhor irá assumir a presidência da SIP no próximo mês de outubro, durante a Assembléia Geral da entidade em Washington. Qual será o maior desafio que o senhor espera enfrentar durante o mandato?
Robert Cox - O maior desafio da SIP continuará sendo o de combater as tentativas de silenciamento da imprensa que acontecem em quase todos os países do Continente. Estas ameaças hoje não vem só de políticos ou de militares, mas principalmente de traficantes de drogas e de corruptos de qualquer espécie. Nosso objetivo central é dar apoio aos profissionais em situação de risco e acabar com a impunidade nos crimes cometidos contra jornalistas.

Pergunta - Em sua trajetória profissional, o senhor foi correspondente na Argentina durante 20 anos, de 1959 a 1979, num dos períodos de maior repressão política e desrespeito aos direitos humanos ocorridos no século XX. Como jornalista, qual a principal lição que o senhor tirou dessa experiência?
Robert Cox - A de que a imprensa não pode calar. Se a imprensa tivesse falado na Argentina naquele momento, muitas mortes não teriam acontecido e não haveria 30 mil pessoas desaparecidas, a maior parte delas jogadas no mar. Quando a imprensa não cumpre o seu papel, seja por medo ou por interesse comercial, coisas horríveis podem acontecer. Quando se mata jornalistas, na realidade mata-se o povo, porque o jornalista é a voz do povo. É por isso que os jornalistas são importantes.

Pergunta - Em relação aos Estados Unidos, existe uma idéia pré-concebida de que os jornalistas norte-americanos não enfrentam problemas com a liberdade de expressão. Qual a verdadeira situação da imprensa do seu país?
Robert Cox - Nós enfrentamos os mesmos problemas que os demais países do Continente, só que em menor escala. Por exemplo, há cerca de 40 anos não há registros de jornalistas mortos no exercício da profissão nos Estados Unidos. No entanto, as pressões políticas e econômicas são as mesmas, e o autoritarismo também. Vivemos um governo que faz de tudo para que todos acreditem que ele está fazendo um bom trabalho.

Pergunta - A SIP defende a cooperação internacional de jornalistas e dos meios de comunicação como forma de combater os obstáculos comuns. Com o crescente processo de globalização que papel o senhor atribui aos profissionais de imprensa do terceiro milênio?
Robert Cox - Será preciso estar cada vez mais qualificado, ter melhores condições técnicas de trabalho e produzir reportagens em um nível bem superior ao que temos hoje em dia. A imprensa continuará sendo fundamental, porque é ela quem tem a obrigação de deter a informação, e não os governos. Se ela não fizer o seu papel, ninguém saberá o que está acontecendo.

Arthur Ferraz/O Povo

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