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Futuro na Internet é promissor para os meios impressos

Sexta-feira, 16 de março de 2001

O professor Rosental Alves, da Universidade do Texas, aposta em um futuro promissor na Internet para as empresas de comunicação após o baque financeiro que tomou conta do mercado virtual nos últimos meses. Rosental é um dos palestrantes da reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Fortaleza.

O casamento entre jornalismo e Internet está entrando em fase de gestação. Esta é a avaliação do brasileiro Rosental C.Alves, professor de jornalismo na Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos. Para ele, deste parto irá surgir a primeira geração consumidora de informação via Internet em larga escala. O professor aposta no futuro dessa relação e diz que o choque econômico sofrido pelo mundo virtual proporcionou um enxugamento necessário do mercado, o que oferece às empresas de comunicação perspectivas ainda melhores de crescimento.

Rosental C.Alves é um dos palestrantes convidados do encontro da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que acontece em Fortaleza, com a presença de mais de 400 editores e jornalistas de todo o continente americano. O professor falará amanhã, dentro do seminário A Internet-chegou a hora de reavaliar sua função no jornal impresso?, a partir das 11h30min, no Salão Blue Night do hotel Ceasar Park.

Pergunta - Como o senhor avalia a recente retração das empresas de comunicação que operam na Internet, com a queda de investimentos e a demissão de centenas de profissionais?
Rosental Alves - O que houve recentemente foi uma correção de rumo. Havia na área de Internet um exagero na avaliação de perspectivas e investimentos, causado por uma euforia que tomou conta do mercado nos últimos dois ou três anos, sobretudo por causa do lançamento de ações de empresas de Internet na Bolsa americana. Isto levou a um desastre em termos de Bolsa e ao fechamento de muitas empresas. Não houve, no entanto, uma queda no uso de Internet nem uma mudança drástica nas reais perspectivas que a Internet tinha para as empresas de comunição já estabelecidas usando os meios tradicionais. Na realidade, a situação atual oferece muito mais oportunidades do que antes. Essas alterações aconteceram principalmente para corrigir os exageros, não significa que as empresas estejam desistindo de investir na Internet.

Pergunta - O jornalismo brasileiro incorporou a Internet há cerca de cinco anos. Já se pode dizer que ela esteja consolidada no País como meio de comunicação?
Rosental Alves - Em termos gerais, a Internet veio para ficar, não é uma moda que as pessoas vão abandonar amanhã. Ela tem um aspecto assim provisório apenas porque ela pode ser substituída um pouco mais adiante por qualquer outro meio de comunicação baseado em computador que represente uma evolução da Internet. O importante é que o público que está sendo educado agora nas escolas, no mundo dominado pelas redes de computador, vai entrar no mercado consumidor daqui uns poucos anos com uma outra mentalidade, que ainda está sendo formada.

Pergunta - Então a gente poderia dizer que ainda não existe uma geração da Internet prPerguntariamente dita?
Rosental Alves - A geração da Internet ainda está por vir. Em 1995, eu participei do lançamento do Jornal do Brasil Online, que foi o primeiro jornal brasileiro na Internet. Se você imaginar uma criança que estava no ginásio naquela época, vai levar uns dez anos para ela entrar no mercado consumidor. Quando ela entrar, ela vai entrar sem jamais ter conhecido um mercado que não fosse baseado numa rede mundial de computadores.

Pergunta - No início, as empresas de comunicação simplesmente transferiam o conteúdo dos seus materiais impressos para a Rede. Hoje existem experiências de noticiários produzidos de forma exclusiva para a Internet unindo ao texto elementos de áudio e vídeo, como o Jornal da Lílian, no portal Terra, e a TV Uol, no Universo On Line. Já seria possível traçar um perfil, um padrão da mídia na Internet?
Rosental Alves - Isto está se construindo ainda. Essas experiências que você citou são exemplos disso. Se você fizer uma avaliação dos jornais que foram lançados na Internet na segunda metade dos anos 90, vai ver que eles estão mudados hoje, os jornais estão entendendo melhor para que serve a Internet, não basta mais só colocar o conteúdo. Agora, antes de se colocar a informação, se pensa qual melhor forma de aproveitar as características da Rede. O conteúdo já está sendo produzido diretamente para a Internet e só depois sendo publicado nos jornais. Isto mostra que a Internet não pode ser vista de forma isolada, ela faz parte de um conjunto, de um sistema de mídia onde todos os meios vão conviver e se adaptar a essa realidade.

Pergunta - Do seu ponto de vista como um professor brasileiro que trabalha nos Estados Unidos, como o senhor vê o desenvolvimento da Internet no meio jornalístico nos dois países?
Rosental Alves - Eu diria que os dois lados estão na frente. O jornalismo brasileiro entendeu muito mais rapidamente que o jornalismo americano o aspecto do tempo real da Internet, por exemplo. Nós já criamos o Jornal do Brasil Online, em 1995, com a idéia da notícia rápida, enquanto eu conheço vários jornais americanos que só agora, há um ano ou dois, é que realmente começaram a prestar atenção nisso, a atualizar mais vezes o site. Por outro lado, lá os jornais tem um desenvolvimento maior no que diz respeito ao software para desenvolver o perfil do leitor que entra no site e etc. Há melhores condições de telecomunicações, o que quer dizer mais gente entrando em banda larga, então você tem uma melhor utilização de recursos como o vídeo.

Pergunta - A principal bandeira da SIP é a defesa da liberdade de expressão como instrumento de garantia da democracia. Como a Internet participa deste processo, tendo em vista as suas características peculiares?
Rosental Alves - A Internet é uma espécie de vacina contra a censura. Nós na América Latina estivemos acostumados a golpes de estado, onde a primeira medida dos golpistas era fazer calar a imprensa. Hoje, com a Internet, é muito difícil você impedir que as informações se prPerguntaaguem rapidamente, este é um dos maiores aspectos positivos dela. O aspecto negativo está representado numa famosa charge da revista americana The New Yorker, que mostra dois cachorros batendo no teclado e um diz pro outro "A melhor coisa da Internet é que ninguém sabe que a gente é cachorro". É o problema da falta de autenticidade de muitos sites, onde você tem um campo fértil para a disseminação de notícias falsas.

Pergunta - Este seria então o preço a se pagar por este espaço livre de circulação de idéias que é a Internet?
Rosental Alves - Isto seria normal, mas, na verdade, uma pessoa razoavelmente inteligente não vai acreditar em qualquer notícia que não tenha por detrás uma organização jornalística sólida e com credibilidade. Estamos vivendo apenas um período de adaptação, inclusive eu acredito que já esteve pior. Hoje as pessoas estão ficando um pouco mais escoladas em relação a boatos na Internet e começando a separar naturalmente o que é jornalismo do que é falso jornalismo, boataria ou brincadeira.

Serviço - O professor Rosental Alves é o expositor do seminário A Internet - chegou a hora de reavaliar sua função no jornal impresso?, das 11h30min às 13 horas, no Salão Blue Night do Caesar Park.

Arthur Ferraz/Especial O Povo

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