Quarta-feira, 19 de março de 2001
A argentina Nélida Rajneri foi um dos destaques do último dia de reuniões da SIP. Como presidente da Subcomissão de Relatórios, coube a ela fazer a leitura final das conclusões e resoluções tomadas pela entidade após a análise da situação da liberdade de imprensa em cada um dos países representados no encontro, ocupando o centro das atenções durante toda o período da manhã.
"Meu trabalho é o de reunir todo o material que foi apresentado e sintetizá-lo na forma do documento que vai ser aprovado ao final do encontro. Este material representa nossas considerações oficiais sobre as condições de trabalho dos jornalistas no Continente e oferece meios de combate às restrições à liberdade de expressão", afirma.
Segundo Nélida, Cuba, Colômbia, México e Venezuela são os países que mais dificultam o trabalho da SIP nas investigações que a entidade realiza para averiguar denúncias de cerceamento profissional e de crimes cometidos contra jornalistas. "São os países que mais se resguardam, justamente para evitar as sanções que sabem que irão sofrer se conseguirmos mostrar para o mundo os delitos que eles cometem freqüentemente".
Oriunda de uma família com tradição no universo dos meios de comunicação em seu país, ela há mais de 30 anos divide o comando dos negócios com seus sete irmãos. Atualmente ocupa o cargo de co-diretora do principal veículo da organização, o jornal Diário Rio Negro, fundado por seu pai em 1912, na cidade de General Roca, na própria província argentina de Rio Negro.
Mesmo estando em uma posição privilegiada no contexto da imprensa no Continente, Nélida diz que muitos homens ainda não se habituaram com a presença feminina no círculo de decisões da mídia. "Culturalmente ainda existe uma descriminação, por que antes as mulheres não apareciam. Hoje, a mulher está ganhando espaço na imprensa em progressões geométricas, mas mesmo assim esse é um processo lento até chegarmos a disputar com os homens a predominância do mercado".
Arthur Ferraz/O Povo