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Show reúne milhares contra a xenofobia em Chemnitz

3 set 2018 - 20h33
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Cerca de 65 mil pessoas vão a evento de música gratuito no leste da Alemanha, em resposta às manifestações anti-imigração convocadas pela extrema direita. "Não há espaço para caças de ódio e racismo", diz porta-voz.Dezenas de milhares de pessoas compareceram nesta segunda-feira (03/09) a uma série de shows em Chemnitz, no leste da Alemanha, em protesto contra o racismo e a xenofobia. O ato é uma resposta às manifestações anti-imigração que marcaram a cidade na última semana.

Evento ocorreu sob o lema "Nós somos mais"
Evento ocorreu sob o lema "Nós somos mais"
Foto: DW / Deutsche Welle

Sob o lema "Wir sind mehr" ("Nós somos mais"), o evento teve início às 17h (horário local, 12h em Brasília) no centro de Chemnitz, com um minuto de silêncio em memória ao cidadão alemão que foi morto a facadas na cidade na madrugada de 26 de agosto.

O crime impulsionou uma série de protestos convocados por grupos de extrema direita. O fato de dois suspeitos pela morte serem estrangeiros - um sírio e um iraquiano - acirrou os ânimos e levou extremistas a perseguirem e atacarem pessoas que aparentavam ser imigrantes.

Em resposta a tais atos violentos, cerca de 65 mil pessoas, segundo a prefeitura, foram ao centro de Chemnitz nesta segunda-feira fazer voz contra o racismo e a xenofobia na cidade.

"Vivemos de jeitos diferentes e pensamos de jeitos diferentes. E tudo bem. Mas há algo com que todos concordamos: não há espaço para caças de ódio e para o racismo", disse, no palco, um porta-voz ao abrir o evento. "Somos antifascistas e não deixaremos nem esta cidade nem qualquer outra da Alemanha para os racistas e nazistas. Nós somos mais."

Artistas alemães de diferentes estilos musicais se apresentaram no festival gratuito a céu aberto, entre eles os rappers Trettmann e Casper und Marteria, a banda pop Kraftklub e os grupos de punk-rock Die Toten Hosen e Feine Sahne Fischfilet.

"Não somos ingênuos. Não estamos trabalhando sob a ilusão de que realizaremos um show e o mundo estará salvo", afirmou o vocalista do Kraftklub, Felix Brummer, antes da apresentação. "Mas às vezes é importante mostrar que não estamos sozinhos."

Segundo a polícia, o evento ocorreu num ambiente festivo e reivindicativo, sem registro de grandes incidentes. Os grupos de extrema direita Pro Chemnitz e Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente") foram proibidos de realizar manifestações em qualquer ponto da cidade nesta segunda-feira.

O ato contra a xenofobia contou com o apoio inclusive do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que chegou a compartilhar o link do evento em rede social - mas, pela atitude, acabou sendo alvo de críticas por parte de autoridades do país.

Isso porque alguns dos participantes do festival acumulam um passado controverso ligado à extrema esquerda. A banda Feine Sahne Fischfilet, por exemplo, chegou a ser monitorada pelos serviços secretos alemães por músicas que defendiam ataques à polícia.

A última grande manifestação de simpatizantes da extrema direita em Chemnitz ocorreu no sábado, quando cerca de 8 mil pessoas saíram às ruas em protesto contra a política de refugiados do governo alemão, convocadas pelos grupos Pro Chemnitz e Pegida e pelo partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Os atos deixaram 18 feridos, entre eles três policiais que se posicionaram entre os manifestantes de direita e contramanifestantes que protestavam contra a xenofobia. Ao longo do dia, a polícia registrou 37 ocorrências criminais nos protestos, incluindo lesão corporal, vandalismo e exibição de símbolos de organizações anticonstitucionais.

Também no sábado, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, disse que "compreende porque as pessoas estão frustradas com o homicídio brutal" que ocorreu na cidade, mas advertiu que "isso não é desculpa para a violência".

Já o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou nesta segunda-feira que "essas marchas por extremistas de direita preparados para cometer violência e por neonazistas nada têm a ver com luto pela morte de uma pessoa ou com preocupação por uma cidade ou comunidade".

EK/afp/dpa/efe/ots

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