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Senado italiano abre caminho para que Salvini seja julgado

31 jul 2020 - 14h01
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Senadores revogam imunidade parlamentar do ex-ministro, que poderá ser processado por impedir desembarque de migrantes resgatados no Mediterrâneo pela ONG Open Arms. "Injustiça sem sentido", diz Salvini sobre acusação.O político de extrema direita italiano Matteo Salvini disse nesta sexta-feira (31/07) que é alvo de uma "injustiça sem sentido", depois de o Senado da Itália derrubar sua imunidade parlamentar. A decisão dos senadores abre caminho para que Salvini seja julgado pelo bloqueio de um navio com dezenas de migrantes a bordo, quando ainda era ministro do Interior da Itália, no ano passado.

Durante a votação no Senado, Salvini chegou a exibir um chapéu da guarda costeira italiana
Durante a votação no Senado, Salvini chegou a exibir um chapéu da guarda costeira italiana
Foto: DW / Deutsche Welle

"Hoje acordei tal como me deitei ontem à noite, tranquilo, mas um pouco aborrecido, obviamente, por estar sofrendo uma injustiça sem sentido", disse Salvini no programa de televisão italiano Aria Purita. "Não peço uma medalha, mas correr o risco de 15 anos de prisão me parece loucura."

Em agosto de 2019, o então ministro impediu durante 20 dias que um navio humanitário da ONG espanhola Open Arms atracasse em porto italiano. A bordo da embarcação havia 150 pessoas que tinham sido resgatadas de barcos precários no Mediterrâneo.

Na quinta-feira, por 149 votos a favor e 141 contra, o Senado italiano decidiu retirar a imunidade parlamentar de Salvini, permitindo que ele seja julgado por suposto sequestro de migrantes. A decisão da câmara alta contou com os votos dos partidos no governo: o Movimento 5 Estrelas (M5S), o Partido Democrata (PD) e a aliança Livres e Iguais.

A votação não implica sua acusação direta. Isso dependerá de uma audiência preliminar no Tribunal de Palermo, na qual será decidido se o líder do partido de extrema direita Liga será levado a julgamento ou se o caso será arquivado.

"Tenho orgulho de ter defendido a Itália. Faria de novo e de novo, também porque somente neste mês de julho os desembarques são seis vezes maiores aos do mesmo período do ano anterior, com a Liga no governo. Sigo em frente, com a cabeça erguida e a consciência limpa", disse Salvini em nota na quinta-feira. Durante a votação no Senado, ele chegou a exibir um chapéu da guarda costeira italiana.

Como ministro do Interior, cargo que ocupou até setembro de 2019 quando a Liga rompeu com o governo, Salvini promoveu uma forte política contra a imigração, fechando portos a navios de organizações humanitárias.

A embarcação da Open Arms, ONG sediada na Catalunha, esperava um porto europeu para o desembarque, o que foi negado desde o primeiro momento por Salvini. O navio recusou ofertas das autoridades da Espanha, justificando que a travessia seria muito longa e arriscada.

Em 15 de agosto, a Justiça italiana respondeu a um apelo da ONG contra o veto de Salvini e permitiu que o navio entrasse nas águas da ilha de Lampedusa, o enclave mais ao sul do país, para se proteger do mau tempo. Finalmente, na noite de 20 de agosto, o Ministério Público permitiu que os 83 imigrantes que ainda estavam a bordo desembarcassem em Lampedusa, encerrando a odisseia.

Em discurso no Senado, o líder da extrema direita criticou seus antigos parceiros do partido M5S, que no passado o apoiaram em um caso semelhante e, agora, permitiram sua acusação.

O político sempre defendeu que suas ações eram compartilhadas por todo o governo. No entanto, a senadora do M5S Elvira Lucia Evangelista lembrou que o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, também do M5S, o pressionou para que os mais vulneráveis e menores de idade pudessem desembarcar. "Era uma política pessoal de Salvini", afirmou Evangelista.

Em fevereiro deste ano, o Senado já havia revogado a imunidade parlamentar de Salvini em outro caso semelhante. O ex-ministro responde a um processo por ter bloqueado em julho de 2019 uma embarcação da Guarda Costeira italiana com 131 pessoas a bordo. O julgamento desse caso será decidido em outubro pelo Tribunal da Catânia, no sul da Itália.

LE/efe/lusa

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