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Rússia precisa retirar tropas antes de qualquer diálogo, diz Ucrânia

3 ago 2022 - 17h34
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O governo da Ucrânia dispensou nesta quarta-feira os comentários do ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder de que a Rússia quer uma "solução negociada" para a guerra, e disse que qualquer diálogo depende de um cessar-fogo e da retirada das tropas russas.

Schroeder, um amigo do presidente russo, Vladimir Putin, e cada vez mais criticado na Alemanha por sua postura favorável à Rússia, disse que o acordo firmado no mês passado para os envios de grãos da Ucrânia, com o objetivo de aliviar a crise global de alimentos, pode oferecer um caminho para frente.

A primeira remessa de grãos da Ucrânia desde o início da guerra passou pelo Estreito de Bósforo na quarta-feira, em rota até o Líbano.

"A boa notícia é que o Kremlin quer uma solução negociada", disse Schroeder à revista Stern e à rede RTL/ntv, acrescentando que ele havia se reunido com Putin em Moscou na semana passada. "Um primeiro sucesso é o acordo pelos grãos, talvez isso possa ser lentamente expandido até um cessar-fogo".

Em resposta, o assessor presidencial da Ucrânia Mykhailo Podolyak descreveu Schroeder como uma "voz da corte real russa", e deixou claro que o acordo para os grãos não levaria a negociações.

"Se Moscou quiser diálogo, a bola está na quadra deles. Primeiro, um cessar-fogo e a retirada das tropas, depois, diálogo construtivo", escreveu Podolyak no Twitter.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que não há nada mais cínico do que os "capangas de Putin" dizendo que a Rússia está pronta para negociar a paz.

"Nós ouvimos e vemos essa 'prontidão' todos os dias: ataques de artilharia, terror de mísseis contra civis, crimes e atrocidades em massa. A Rússia permanece focada na guerra, todo o resto é apenas cortina de fumaça", escreveu Kuleba no Twitter.

O acordo para o envio de grãos, mediado pela ONU e pela Turquia, foi saudado como um raro sucesso diplomático nos mais de cinco meses de guerra, desde que Putin ordenou que suas tropas adentrassem as fronteiras da Ucrânia no que chama de "operação militar especial". As tentativas de negociações de paz nos primeiros estágios do conflito não resultaram em nada.

Mas o presidente ucraniano, Volodymr Zelenskiy, minimizou a importância do acordo nesta quarta-feira, dizendo que o envio de grãos foi apenas uma fração da safra que Kiev precisa vender para ajudar a salvar sua economia.

A embarcação Razoni deixou Odessa, no Mar Negro, no início da segunda-feira levando 26.527 toneladas de milho para o porto libanês de Trípoli.

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