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Rússia e Turquia advertem contra interferência no Irã

4 jan 2018 - 11h55
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Moscou e Ancara mencionam possíveis reações e pedem que governos estrangeiros não interfiram em "assuntos domésticos" iranianos, após protestos no país. Kremlin cita especificamente ingerência dos Estados Unidos.A Rússia e a Turquia advertiram nesta quinta-feira (04/01) contra intervenções externas na política interna do Irã, depois de uma semana de protestos violentos contra o governo iraniano, que resultaram em ao menos 21 mortes.

Em conferência em Ancara, Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a intromissão de governos estrangeiros poderia provocar uma reação. Kalin também disse que, embora os cidadãos iranianos tenham o direito de realizar manifestações, não é aceitável que estas causem vítimas fatais e danos materiais.

O Kremlin foi mais direto e exortou os Estados Unidos a não interferirem no que o governo russo chamou de "assuntos domésticos do Irã", reportou a agência russa de notícias TASS, que citou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, expressou seu apoio aos manifestantes que realizaram protestos em massa em diversas cidades iranianas contra a liderança religiosa do país.

Exército pronto para intervir

Também nesta quinta-feira, o comandante do Exército do Irã, major-general Abdolrahim Mousavi, anunciou que, embora as manifestações tenham sido reprimidas por forças policiais, as tropas do país estão a postos para intervir caso necessário.

"Embora essa sedição cega tenha sido tão pequena que uma parte da força policial foi capaz de cessá-la, vocês podem ter certeza que os camaradas no Exército da República Islâmica estarão prontos para enfrentar os ludibriados pelo Grande Satanás [Estados Unidos]", disse Mousavi.

A tranquilidade reinou nesta quinta-feira nas ruas de Teerã, depois que as autoridades iranianas deram por finalizados os protestos antigovernamentais.

Maior onda de protestos dos últimos anos

A série de protestos começou na quinta-feira passada na cidade de Mashhad, segunda maior do país. Mais de mil manifestantes foram detidos. Os protestos antigoverno, que aparentam ter sido espontâneas e sem um líder claro, foram impulsionadas por dificuldades econômicas, desemprego entre jovens e alegações de corrupção.

A onda de protestos é considerada a maior desde a revolta de 2009, quando uma série de manifestações tomou as ruas do país contra supostas fraudes eleitorais a favor do linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, logo se tornando um movimento de maior escala de contestação ao regime dos aiatolás.

Desta vez, os protestos tiveram inicialmente a inflação e o desemprego como alvo, mas logo ganharam tom político, com críticas ao presidente Hassan Rohani e ao líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei.

Rohani assumiu o governo para um segundo mandato em agosto, com promessas de revitalizar a economia, minada por sanções internacionais. Os investimentos estrangeiros estão em alta, mas o país continua a sobreviver, sobretudo, da venda de petróleo.

Os manifestantes - que incluem membros da classe trabalhadora, assim como escolarizados da classe média, que formaram a espinha dorsal dos protestos pró- reforma em 2009 - afirmaram estar cansados de slogans antiocidentais e que chegou a hora de a liderança clerical e o governo do presidente Rohani renunciarem.

O desemprego entre jovens atingiu recentemente a marca de 40%. Muitas das sanções internacionais foram revogadas com o acordo nuclear de 2015, mas medidas unilaterais americanas contra transações financeiras com o Irã continuam a minar a economia e impedem a maioria dos bancos ocidentais de conceder crédito a iranianos.

Na terça-feira, Khamenei, acusou os "inimigos" do país de estarem por trás das manifestações, mas não mencionou nomes. "Nos últimos dias, os inimigos do Irã usaram diferentes ferramentas, incluindo dinheiro, armas, política e aparato de inteligência, para criar problemas para a República Islâmica", afirmou.

PV/rtr/efe/ap/afp

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