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Rodrigo Garcia cola em prefeito de SP para combater influência de Haddad

Candidato à reeleição, governador sela acordo com Ricardo Nunes para tentar reduzir vantagem de petista na capital; sem base na cidade, Tarcísio aposta na polarização do debate

9 ago 2022 - 20h43
(atualizado às 20h46)
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O governador Rodrigo Garcia (PSDB) selou um acordo com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) para que o emedebista assuma a linha de frente da campanha na capital em troca de apoio dos tucanos à sua reeleição na cidade em 2024.

A relação entre MDB e PSDB em São Paulo estava estremecida após Garcia escolher como vice em sua chapa o deputado federal Geninho Zuliani (União Brasil) em vez do ex-secretário da Saúde Edson Aparecido (MDB), que foi indicado por Nunes.

Em conversas reservadas, dirigentes tucanos admitem que a batalha pela capital será a mais difícil da campanha, já que o ex-prefeito Fernando Haddad e o PT têm força política na cidade, que foi governada 3 vezes pelo partido. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Os chefes dos executivos paulista e paulistano, porém, chegaram a um entendimento e montaram uma estratégia conjunta depois da promessa de Garcia de apoio do PSDB a Nunes na disputa pela prefeitura em 2024.

Com o lançamento da candidatura de Aparecido ao Senado, a ideia é unificar as estruturas das duas campanhas na capital. Um comitê específico para atuar na cidade será montado. O secretário executivo do prefeito, Fábio Lepique (PSDB), deixou o cargo para coordenar a campanha e vai fazer a ponte com os subprefeitos.

Garcia, Nunes e Aparecido vão participar de uma caminhada no centro na próxima sexta-feira, 12, e o evento deve se repetir semanalmente, com ou sem a presença do trio. Lepique também está organizando 32 reuniões com Garcia e Nunes nas regiões geográficas das subprefeituras.

"Há um acordo para estarmos juntos em 2022 e 2024, quando o PSDB deve apoiar o prefeito. Vamos manter essa parceria entre estado e prefeitura", disse Lepique, que também integra a executiva estadual do PSDB. "O grande comandante da campanha do Rodrigo na capital será o Ricardo Nunes", disse Edson Aparecido.

Em conversas reservadas, dirigentes tucanos admitem que a batalha pela capital será a mais difícil da campanha, já que o ex-prefeito Fernando Haddad e o PT têm força política na cidade, que foi governada 3 vezes pelo partido. Além disso, o debate nacional é mais intenso na capital, o que reforça a polarização

"A periferia está mais interessada no debate nacional do que para governador, e isso é ruim para o Rodrigo Garcia, que tenta quebrar a polarização", disse o pesquisador Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Ainda segundo Meirelles, Garcia terá o apoio da máquina da prefeitura, mas não conta com um cabo eleitoral forte na cidade. "Uma coisa é a máquina, outra é a figura do prefeito", afirmou.

No campo petista, interlocutores de Haddad dizem que as pesquisas internas apontam uma vantagem sólida do ex-prefeito na capital.

A ideia é reforçar agendas com políticos da coligação que tiveram bons desempenhos na cidade, como Guilherme Boulos (PSOL), que chegou ao 2° turno contra Bruno Covas (PSDB) em 2020, Márcio França (PSB), que venceu João Doria (PSDB) na capital em 2018, além da ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL) e da ex-ministra Marina Silva (Rede).

Apesar de apoiar Luiz Inácio Lula da Silva e ter feito jantares com Haddad no início do ano, a ex-prefeita Marta Suplicy, que é secretária das Relações Internacionais da gestão Nunes, não foi procurada pelo ex-prefeito para apoiá-lo e deve ficar neutra na disputa.

"Aqui em São Paulo temos uma vantagem muito expressiva. Será um passeio. O atual prefeito não tem liderança", disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

Aliado de Haddad, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) aposta na força dos "puxadores" de votos. "Eles têm uma máquina forte, mas temos um ex-prefeito que saiu bem avaliado, além do Boulos e do França, que ganhou na capital. Além disso, há uma reabilitação do PT nas periferias", avaliou o parlamentar comunista.

Sem estrutura partidária ou política na capital, o ex-ministro bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai jogar as fichas na polarização nacional e nas redes sociais para tentar impedir o avanço de Garcia na capital.

"Nós apostamos estrategicamente no acirramento da polarização entre Lula e Bolsonaro na capital, que está dividida: 50% são azuis, e 50% vermelhos", afirmou Pablo Nobel, marqueteiro de Tarcísio.

A avaliação no Republicanos é que de fato é mais forte na capital que os adversários e Garcia tem uma máquina "física", mas em contrapartida Tarcísio teria um engajamentos muito maior nas redes sociais.

Estadão
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