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Regime sírio rejeita plano árabe para que Assad transfira o poder

23 jan 2012 - 10h39
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O regime sírio rejeitou nesta segunda-feira o plano da Liga Árabe para que seu presidente, Bashar al Assad, transfira o poder ao vice-presidente, por considerá-lo uma "interferência flagrante" em seus assuntos internos.

Citada pela agência de notícias síria "Sana", uma fonte oficial classificou a proposta anunciada no domingo pelo organismo pan-árabe de "violação a sua soberania nacional e infração descarada aos estatutos da Liga Árabe".

Desta forma, o regime de Damasco reagiu ao plano estipulado no Cairo pelos ministros das Relações Exteriores árabes que decidiram pedir a Assad que transferisse seus poderes ao vice-presidente sírio, e a formar um Governo de união nacional no prazo de dois meses, para convocar eleições presidenciais.

Em vez de adotar esse tipo de medidas, os ministros da Liga Árabe deveriam "assumir sua responsabilidade e evitar que grupos terroristas que assassinam sírios inocentes e atacam prédios do Governo e infraestruturas do Estado se financiem e adquiram armamentos", ressaltou a fonte.

Ao invés disso, os ministros (árabes) optaram por fazer "declarações provocativas" que refletem sua conexão com um plano que tem como objetivo prejudicar a segurança do povo da Síria através dos chamados a intervenção estrangeira nos assuntos internos do país.

Por esse motivo, Damasco opinou que o novo Mapa do Caminho da Liga Árabe vai contra os interesses do povo e não evitará que o país "avance em suas reformas políticas, e traga segurança e a estabilidade para sua gente, que demonstrou durante a crise seu apoio à união nacional".

A fonte destacou que essa proposta contradiz a iniciativa da própria Liga Árabe de novembro para encontrar uma saída à crise e o protocolo para o envio de observadores no território.

A fonte não mencionou se Damasco permitirá a extensão por mais um mês da missão de observadores da instituição árabe, que no domingo avaliou o relatório final e destacou os "avanços parciais" das autoridades sírias, mas reconheceu que persiste a violência.

O novo Mapa do Caminho da Liga estabelece o início de um diálogo entre a oposição e o Governo em duas semanas, com o objetivo de formar um Executivo de união nacional.

O Governo, que deverá ser constituído no prazo de dois meses, seria dirigido por um nome de consenso com a missão de aplicar o plano e preparar as eleições parlamentares e presidenciais sob supervisão árabe e internacional.

Assad teria de transferir os poderes ao vice-presidente para que "coopere com o Governo de unidade e este possa fazer seu trabalho no período transitório".

Esta solução seria parecida à lançada pelos países do Conselho do Golfo (CCG) para o Iêmen, que representou a renúncia de fato do presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh.

A partir do Cairo, o presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), a maior organização opositora síria no exílio, Burhan Ghalioun, parabenizou no domingo à noite a nova iniciativa, "que demonstra o grande impacto que teve a luta do povo sírio na opinião pública árabe e internacional".

Mesmo assim, Ghalioun advertiu em entrevista coletiva que seu grupo não aceitará negociar com o regime sírio antes que ocorra a renúncia de Assad: "Hoje nenhum sírio poderia negociar com o assassino de seu povo, Assad já está queimado", afirmou.

Ghalioun explicou que o CNS quer, antes de negociar, garantias do cumprimento do protocolo assinado entre Damasco e a Liga Árabe referente ao fim da violência e à retirada das tropas.

Ressaltou que a proposta evidencia a adesão à revolução síria dos países árabes, que "consideram que o regime do ditador deve terminar e suas marcas apagadas".

No entanto, Ghalioun insistiu que o CNS defende que qualquer mecanismo adotado pelos países árabes deve contar com o apoio do Conselho de Segurança da ONU, o que a Liga Árabe já anunciou que vai pedir.

EFE   
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