Presidente vai 'despachar'do hospital
Na opinião dos especialistas, presidente deverá ser liberado para voltar a Brasília após 15 dias, mas só depois de três meses poderá retomar atividades físicas mais intensas, como fazer ginástica ou levantar peso
Especialistas ouvidos pelo Estado afirmaram que, em casos como o do presidente Jair Bolsonaro, se a cirurgia é bem sucedida, o paciente nem precisa passar pela UTI. Ele vai direto para o quarto e a alimentação é retomada aos poucos, para que a equipe médica avalie como o intestino responde. "Um ou dois dias após a cirurgia, o paciente recebe só dieta líquida, como água, chá e gelatina. Se o intestino responder bem, começa com alimentação pastosa posteriormente e, dias depois, com alimentos sólidos", afirma Fábio Guilherme de Campos, professor da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
A reintrodução alimentar tem de ser lenta também para que não haja aumento de pressão no intestino, o que poderia levar ao temido rompimento dos pontos internos. O paciente geralmente tem alta quando consegue evacuar normalmente, o que costuma acontecer seis dias após a cirurgia. "Esse é o sinal de que o trânsito intestinal voltou ao normal", diz Ricardo Cohen, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Médico de Bolsonaro, Antonio Macedo declarou que o presidente deverá permanecer no hospital cerca de uma semana. Após a alta, no entanto, pacientes que passam pela mesma cirurgia costumam ficar mais uma semana em casa, sem retomar atividades do dia a dia, como trabalhar e dirigir. "Ele até pode participar de reuniões com assessores, assinar documentos, mas sem muitos excessos", explica Campos.
Na opinião dos especialistas ouvidos pela reportagem, o presidente deverá ser liberado para voltar a Brasília após 15 dias, mas só depois de três meses ele poderá retomar atividades físicas mais intensas, como fazer ginástica ou levantar peso.
Gabinete no hospital. O plano de Bolsonaro, mesmo internado, é retomar despachos e reuniões quando ainda estiver internado, dois dias após a cirurgia.
A assessoria do Albert Einstein não detalhou como será a estrutura montada para o presidente no hospital, mas médicos do Einstein ouvidos pelo Estado afirmam que o Bolsonaro deverá ficar internado na ala mais nova do hospital, onde alguns dos quartos possuem uma antessala, com mesa, sofá e TV, ambiente onde reuniões poderiam ocorrer.
Preocupada com o vazamento de informações, a direção do Einstein avisou por e-mail a todo o seu corpo clínico, já na época da primeira internação, que estava monitorando quem acessava o prontuário de Bolsonaro. "Caso um médico que não fizesse parte da equipe tentasse acessar o documento sem justificativa, poderia sofrer punição por falta ética", contou um médico do Einstein, que não quis ser identificado. /F.C.