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Presidente vai 'despachar'do hospital

Na opinião dos especialistas, presidente deverá ser liberado para voltar a Brasília após 15 dias, mas só depois de três meses poderá retomar atividades físicas mais intensas, como fazer ginástica ou levantar peso

27 jan 2019 - 03h10
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Especialistas ouvidos pelo Estado afirmaram que, em casos como o do presidente Jair Bolsonaro, se a cirurgia é bem sucedida, o paciente nem precisa passar pela UTI. Ele vai direto para o quarto e a alimentação é retomada aos poucos, para que a equipe médica avalie como o intestino responde. "Um ou dois dias após a cirurgia, o paciente recebe só dieta líquida, como água, chá e gelatina. Se o intestino responder bem, começa com alimentação pastosa posteriormente e, dias depois, com alimentos sólidos", afirma Fábio Guilherme de Campos, professor da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

A reintrodução alimentar tem de ser lenta também para que não haja aumento de pressão no intestino, o que poderia levar ao temido rompimento dos pontos internos. O paciente geralmente tem alta quando consegue evacuar normalmente, o que costuma acontecer seis dias após a cirurgia. "Esse é o sinal de que o trânsito intestinal voltou ao normal", diz Ricardo Cohen, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Médico de Bolsonaro, Antonio Macedo declarou que o presidente deverá permanecer no hospital cerca de uma semana. Após a alta, no entanto, pacientes que passam pela mesma cirurgia costumam ficar mais uma semana em casa, sem retomar atividades do dia a dia, como trabalhar e dirigir. "Ele até pode participar de reuniões com assessores, assinar documentos, mas sem muitos excessos", explica Campos.

Na opinião dos especialistas ouvidos pela reportagem, o presidente deverá ser liberado para voltar a Brasília após 15 dias, mas só depois de três meses ele poderá retomar atividades físicas mais intensas, como fazer ginástica ou levantar peso.

Gabinete no hospital. O plano de Bolsonaro, mesmo internado, é retomar despachos e reuniões quando ainda estiver internado, dois dias após a cirurgia.

A assessoria do Albert Einstein não detalhou como será a estrutura montada para o presidente no hospital, mas médicos do Einstein ouvidos pelo Estado afirmam que o Bolsonaro deverá ficar internado na ala mais nova do hospital, onde alguns dos quartos possuem uma antessala, com mesa, sofá e TV, ambiente onde reuniões poderiam ocorrer.

Preocupada com o vazamento de informações, a direção do Einstein avisou por e-mail a todo o seu corpo clínico, já na época da primeira internação, que estava monitorando quem acessava o prontuário de Bolsonaro. "Caso um médico que não fizesse parte da equipe tentasse acessar o documento sem justificativa, poderia sofrer punição por falta ética", contou um médico do Einstein, que não quis ser identificado. /F.C.

Estadão
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