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Presidente da Itália nomeia economista para premiê interino

28 mai 2018 - 11h02
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Mattarella encarrega ex-economista do FMI Carlo Cottarelli de formar governo de tecnocratas até nova eleição, depois do fracasso da coalizão entre partidos populistas Movimento Cinco Estrelas e Liga.O presidente da Itália, Sergio Mattarella, encarregou nesta segunda-feira (28/05) o economista Carlo Cottarelli de formar um governo de tecnocratas no país, depois do fracasso da coalizão entre o partido eurocético Movimento Cinco Estrelas (M5S) e a extremista de direita Liga (ex-Liga Norte).

Presidente da Itália, Sergio Mattarella (e), recebe o ex-economista do FMI, Carlo Cottarelli, no Palácio do Quirinal
Presidente da Itália, Sergio Mattarella (e), recebe o ex-economista do FMI, Carlo Cottarelli, no Palácio do Quirinal
Foto: DW / Deutsche Welle

Cottarelli, um ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegou ao Palácio do Quirinal nesta segunda-feira e aceitou o mandato depois de cerca de uma hora de consultas. Pouco depois, ele afirmou que convocará eleições antecipadas logo depois de agosto se não obtiver um voto de confiança do Parlamento.

"Vou apresentar no Parlamento um programa que, se obtiver um voto de confiança, incluirá a votação do orçamento para 2019. Depois disso, o Parlamento será dissolvido, e serão marcadas eleições no início de 2019. Sem a confiança do Parlamento, as eleições serão convocados logo após agosto", disse Cottarelli.

No domingo, o então premiê designado, Giuseppe Conte, renunciou à incumbência de formar um governo depois de Mattarella não aceitar o nome proposto para o Ministério da Economia, o do eurocético Paolo Savona.

Com isso, Mattarella também acabou com as esperanças do M5S e da Liga de formar o primeiro governo populista na Europa Ocidental. O presidente da Itália recorreu então a Cottarelli para tentar formar um governo interino de tecnocratas até que uma eleição antecipada possa ser realizada.

Cottarelli é diretor do Observatório sobre as Contas Públicas da Universidade Católica de Milão. Ele foi diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI até 2013, quando o então chefe de governo italiano, Enrico Letta, o indicou como comissário para implementar um plano de redução de gastos públicos, um cargo que manteve até a nomeação de Matteo Renzi como primeiro-ministro.

Cottarelli foi um dos economistas mais críticos em relação ao programa econômico assinado pela Liga e pelo M5S.

M5S e Liga atacam Mattarella

Mattarella enfureceu o M5S e a Liga ao recusar a escolha de Savona para chefiar o Ministério da Economia. Segundo agências de notícias, o político de 81 anos, proposto pelo líder da Liga, Matteo Salvini, teria expressado ao presidente a intenção de que a Itália abandonasse a união monetária europeia. Tal posicionamento teria alarmado os mercados financeiros, afirmou o chefe de Estado.

Os dois partidos eurocéticos então desistiram da tentativa de formar uma aliança. A desistência lançou a Itália numa nova rodada de incertezas políticas, mais de dois meses depois das eleições parlamentares de 4 de março. Tanto o M5S quanto a Liga expressaram suas críticas e apontaram para uma arquitetura proposital de formar um "governo tecnocrático".

Em vídeo no Facebook, o líder do M5S, Luigi di Maio, classificou a rejeição de Savona por Mattarella de inaceitável e um "choque institucional sem precedentes": "Qual é o sentido de ir votar se são as agências de risco que decidem?" Ele acusou Mattarella de ter traído o Estado ao rejeitar Savona e ameaçou levar o caso ao Parlamento, exigindo o impeachment do presidente.

Ao declarar o fim do processo de constituição de um governo de coalizão pela Liga e pelo M5S, Salvini queixou-se na rede social: "Trabalhamos por semanas, dia e noite, para fazer nascer um governo que defendesse os interesses dos cidadãos italianos, mas alguém (sob pressão de quem?) nos disse NÃO. A Itália não é uma colônia, não somos escravos dos alemães ou dos franceses, da margem de lucro ou da finança".

Antes mesmo da decisão de Conte, o chefe da Liga declarara que, em caso de impasse, a única opção seriam novas eleições, provavelmente ainda em 2018. "Numa democracia - se ainda estamos numa democracia - só há uma coisa a fazer: deixar os italianos dizerem o que pensam", declarara Salvini num discurso a seu eleitorado, no centro da Itália.

O atual ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, comentou neste domingo que o problema não seria Savona, mas o plano econômico da coalizão, que, para ele, é insustentável. Em sua opinião, os dois partidos deveriam ter descartado explicitamente a proposta apresentada no livro mais recente de Savona, de que a Itália traçasse um plano B permitindo-lhe, caso necessário, abandonar a zona do euro com o mínimo possível de danos.

PV/rtr/dpa/afp/ap

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