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Premiê da Grécia decreta fim de "Odisseia moderna" após resgate financeiro

21 ago 2018 - 08h25
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O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, foi à ilha de Ítaca nesta terça-feira, um gesto repleto de simbolismo clássico feito no momento em que o país emerge de nove anos de crise e de pacotes de resgate financeiro internacional.

Premiê grego Tsipras faz pronunciamento na ilha de Ítaca 21/08/2018 Andrea Bonetti/Assessoria de Imprensa do Premiê Grego/Divulgação via Reuters
Premiê grego Tsipras faz pronunciamento na ilha de Ítaca 21/08/2018 Andrea Bonetti/Assessoria de Imprensa do Premiê Grego/Divulgação via Reuters
Foto: Reuters

"Ítaca será identificada novamente com o fim de uma Odisseia dos tempos modernos (que foi) muito difícil para o povo grego", disse o premiê ao chegar à ilha.

No poema épico de Homero, Ulisses volta para sua Ítaca natal depois de lutar na guerra de Troia e ficar perdido no mar durante 10 anos.

Tsipras fez um pronunciamento oficial na ilha um dia depois de a Grécia encerrar seu terceiro acordo de resgate financeiro com credores internacionais, que financiaram o país a partir de 2010 em troca de reformas duras e austeridade sob monitoramento de seus inspetores.

"Não estamos dizendo que todos os problemas foram solucionados porque encerramos o resgate financeiro, não comemoraremos", disse o vice-ministro da Economia, Alexis Haritsis, à estatal TV ERT. "Mas é um dia significativo e é um sucesso conseguir sair de uma vigilância dura".

O ex-premiê George Papandreou, que adotou o primeiro pacote de resgate financeiro dos parceiros da Grécia na zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) oito anos atrás, também usou a Odisseia como analogia à época.

"Estamos em um caminho difícil, uma nova odisseia para a Grécia e a nação grega", disse Papandreou na ocasião. "Mas conhecemos o caminho para Ítaca, e demarcamos as águas em nossa busca".

Seguiram-se austeridade e tumulto político e a economia encolheu em um quarto, empurrando um terço da população para a pobreza e forçando a imigração de milhares.

Dois outros pacotes vieram em 2012 e 2015. No total, os 288 bilhões de euros que a Grécia emprestou são o maior resgate financeiro da história, sobrecarregando o país com dívidas equivalentes a 180 por cento de seu produto interno bruto (PIB) anual.

Nos próximos anos a Grécia terá que manter superávits primários, excluindo os pagamentos da dívida, e novos cortes nas pensões podem ocorrer em 2019.

Um jornal também se referiu à longa jornada de Ulisses. "Mesmo depois de Ítaca continuaremos remando", disse o diário Ethnos em sua primeira página.

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