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Políticos alertam para desinformação em protestos contra confinamento

10 mai 2020 - 10h48
(atualizado às 12h13)
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Enquanto índice de contágio aumenta na Alemanha após relaxamento de restrições, milhares protestam contra medidas de isolamento no país. Políticos

Homem mostra Constituição alemã a policial em protesto contra confinamento, em Frankfurt
Homem mostra Constituição alemã a policial em protesto contra confinamento, em Frankfurt
Foto: DW / Deutsche Welle

advertem contra instrumentalização por teóricos da conspiração.Depois que milhares de pessoas participaram de protestos contra as medidas restritivas de isolamento e distanciamento social para combater a epidemia de covid-19 na Alemanha, diversos políticos da pasta do Interior alertaram neste domingo (10/05) para um aumento nas teorias da conspiração na crise do coronavírus.

"A ideia de que a pandemia foi deliberadamente criada para controlar as pessoas e que Bill Gates ou outras potências supostamente obscuras estão por trás disso chega até o centro da sociedade", disse o secretário do Interior do estado alemão da Turíngia, Georg Maier à revista Spiegel. "Aqui o protesto pode se transformar rapidamente em antissemitismo."

No sábado, foram realizadas manifestações em diversas cidades alemãs contra as restrições à vida pública. A maior delas reuniu milhares de pessoas em Stuttgart, com protestos menores em Berlim, Munique, Frankfurt e Colônia.

Em Colônia, o chefe do departamento de polícia Uwe Jacob criticou o comportamento dos manifestantes. "Um grande número de manifestantes exigiu que passantes retirassem sua proteção facial e entrassem sem máscaras nas lojas. Para isso, não temos a mínima compreensão."

Diante da disseminação de teorias de conspiração em torno da pandemia de coronavírus, Georg Maier, que preside a Conferência de Secretários do Interior (IMK) da Alemanha, afirmou que discutirá o assunto na próxima reunião da IMK. "Quando as pessoas criticam, é claro que está tudo bem", disse Maier. "O que nos chama atenção é a tentativa dos extremistas de se apoderarem dos protestos."

"O mais perigoso é que, com suas teses grosseiras, essas pessoas alcançam cidadãos que têm os pés firmes na Constituição", disse o responsável pela pasta do Interior em Berlim, Andreas Geisel, à revista Spiegel. "Eles se deixam instrumentalizar para a propagação de teorias da conspiração."

Armin Schuster, especialista em assuntos internos na União Democrata Cristã (CDU), no Parlamento alemão, instou a que se discuta o conteúdo propagado por grupos de protesto contra as medidas de confinamento, como Not without us (Conosco não) ou Resistance 2020.

"Para mim, menosprezar esses grupos como loucos é uma crítica muito superficial", disse o político ao jornal Rheinische Post. "Temos que localizá-los politicamente por meio de suas bobagens e desmascará-los como sabotadores de nosso sucesso mundialmente reconhecido na proteção contra infecções."

Schuster, que também é presidente do órgão parlamentar de controle dos serviços de inteligência, pediu às autoridades de segurança que esclarecessem até que ponto grupos de direita e esquerda se infiltram nos movimentos e os instrumentalizam para seus objetivos anticonstitucionais.

Irene Mihalic, especialista do Partido Verde alemão em assuntos internos, avaliou os protestos como "uma mistura questionável de teorias da conspiração e desinformação direcionada", que "tem uma alta conectividade à direita". Mihalic informou no Rheinische Post que a bancada de seu partido vai fazer uma requisição parlamentar para que o governo alemão analise o caso na próxima semana.

Markus Kerber, secretário-adjunto no Ministério do Interior em Berlim, falou à revista Spiegel de uma "luta global pela informação" na crise do coronavírus. Ele disse que, no início da pandemia, o Ministério do Interior havia notado apenas um aumento da desinformação e propaganda proveniente do exterior - atualmente, as teorias da conspiração também se espalharam domesticamente, pontuou. "Temos que agir contra isso, com fatos, transparência e defesa da ciência."

Na última segunda-feira (04), a Alemanha deu início a um relaxamento gradual das medidas de confinamento, com a retomada parcial das aulas nas escolas e das atividades em alguns setores do comércio, assim como a reabertura de áreas de recreação, igrejas e instituições como museus e zoológicos que estiveram fechados em razão da epidemia de covid-19.

O Instituto Robert Koch (RKI), responsável pelo controle de doenças no país, reportou neste sábado, no entanto, que a taxa de reprodução (índice R0) na Alemanha subiu para 1,1, o que significa que cada infectado contamina mais de uma outra pessoa. Na quarta-feira, o RKI havia indicado um índice R0 de 0,65. Desde então, a taxa de reprodução tem aumentado constantemente.

No entanto, o instituto informou ainda que devido às flutuações estatísticas, que são reforçadas pelos números baixos no total, ainda não é possível avaliar se a tendência de novas infecções que vinha caindo nas últimas semanas ainda continua no país.

CA/kna/dpa/afp

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