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Política

Podemos adota 'lavajatismo' e mira maior bancada do Senado

Partido espera chegar a 11 parlamentares na Casa defendendo bandeiras como a investigação a políticos e defesa da CPI da 'Lava Toga'

3 set 2019 - 09h12
(atualizado às 11h50)
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Com plano de ultrapassar a força do MDB no Senado, o Podemos tem abandonado aliados recentes e tenta retomar o figurino "lavajatista" para atrair parlamentares que se dizem da "nova política". Com bandeiras como a defesa da investigação de políticos e juízes, o partido liderado pelo senador paranaense e candidato derrotado à Presidência em 2018, Alvaro Dias, já caminha em lado oposto ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que não aderiu à defesa da instalação da CPI da "Lava Toga" e do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.

Senador Alvaro Dias, candidato derrotado à Presidência em 2018, é o líder do Podemos
Senador Alvaro Dias, candidato derrotado à Presidência em 2018, é o líder do Podemos
Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena / Estadão Conteúdo

Recentemente, o partido filiou o senador Marcos do Val (ES), que estava no Cidadania, e conversa com mais dois nomes: Major Olímpio (SP), do PSL, e Carlos Viana (MG), do PSD. Problemas regionais, no entanto, frearam as negociações. Caso feche com os dois, o Podemos chegará a 11 senadores, um a menos que o MDB, que tem a maior bancada do Senado, com 12 parlamentares.

Próximo ao ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Alvaro Dias já levou ao partido nomes ligados à Segurança Pública, como Marcos do Val e Capitão Styvenson Valentin (RN). Agora, também avança sobre os senadores José Reguffe (sem partido-DF) e Juíza Selma (PSL-MS).

Podemos cresce após abandonar antigo nome, PTN

O crescimento ocorre após a sigla abandonar o antigo nome, PTN, em 2017, e adotar uma estratégia ostensiva para aumentar suas bancadas. Na Câmara, passou de nanico - tinha 2 deputados - para uma bancada com 14 integrantes. Atualmente, tem 11.

A nova imagem da sigla no Senado tem sido construída em almoços semanais da bancada. O cardápio dos encontros, toda terça-feira, costuma ser os temas sensíveis à gestão de Bolsonaro. Apesar de se dizer "independente" do Palácio do Planalto, um dos integrantes da bancada é Elmano Férrer (PI), vice-líder do governo.

No Senado, o Podemos apoiou a candidatura de Alcolumbre à presidência da Casa em fevereiro, quando foi eleito com apoio do governo e discurso de renovação política. Na ocasião, o senador do DEM assumiu uma série de compromissos ao chamar "todos" os colegas a serem parceiros da Mesa Diretora, clamou pelo respeito às "prerrogativas parlamentares" e anunciou o fim do "segredismo". Em outras palavras, prometeu altivez, união e transparência.

Cresce o movimento 'Muda Senado'; Alcolumbre é visto com desconfiança

Sete meses depois, Alcolumbre é visto internamente, inclusive por aliados da cúpula do Senado, como alguém não cumpridor de palavra e cada vez mais entregue à força do Executivo. Os aliados ainda evitam desgastar publicamente o senador, mas já não escondem a frustração. Um dos que abdicaram da candidatura em prol de Alcolumbre, Alvaro Dias participa de um movimento crescente de insatisfeitos com o presidente da Casa, o "Muda Senado".

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre
Foto: EFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO - 25/6/2019 / Estadão Conteúdo

Inicialmente com 12 nomes, o grupo já soma 21 senadores de partidos - a maior parte deles de centro - como Podemos, PSDB, PSD, PSB, Rede, PSL, PP, Patriota e Cidadania. Entre eles, há quatro dos 11 integrantes da Mesa. O grupo "exige" que Davi coloque em votação a abertura da CPI da Lava Toga e dê rápida tramitação a propostas que tratem do Judiciário. Também cobra que ele paute o impeachment de ministros do Supremo, como Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Eles prometem trabalhar para que os temas sejam priorizados antes de qualquer pauta do Planalto ou da Presidência do Senado, negociados por e com Davi, como a reforma da Previdência, nomes para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, como embaixador nos Estados Unidos.

"Não pode haver ilusão de progresso enquanto nos bastidores aprofundamos nossos males. Enquanto o compromisso exposto acima não for o compromisso de todos, não contarão conosco", avisaram os senadores do Muda Senado, integrado que tem no Podemos sua maior força.

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