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Putin nega envolvimento da Rússia em eleições americanas

Durante tradicional programa de perguntas e respostas ao presidente, Vladimir comentou ainda sobre Copa, economia e probabilidade de guerra

7 jun 2018 - 12h36
(atualizado às 13h24)
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No programa Linha Direta com Vladimir Putin, o presidente russo responde a perguntas dos cidadãos
No programa Linha Direta com Vladimir Putin, o presidente russo responde a perguntas dos cidadãos
Foto: DW / Deutsche Welle

O presidente da Rússia Vladimir Putin negou qualquer tipo de intromissão russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2016, e classificou tal alegação como uma "piada". Durante uma entrevista concedida ao programa Linha Direta com Vladimir Putin, uma tradicional sessão anual de perguntas e respostas exibido na televisão, e exibido nesta quinta- feira (7), o presidente comentou ainda o legado da Copa do Mundo, destacou a recuperação econômica da Rússia e falou sobre o impacto de um conflito mundial. 

"O entendimento de que uma terceira guerra poderia ser o fim da civilização deveria nos impedir de adotar medidas extremas na arena internacional, que são altamente perigosas para a civilização moderna", disse Putin. "A ameaça de destruição mútua sempre restringiu os participantes da arena internacional, impediu que os principais poderes militares adotassem medidas precipitadas e obrigou os participantes a se respeitarem mutuamente", afirmou. Ainda durante o programa, Putin afirmou ter alertado os países da Europa há alguns anos sobre uma possível guerra comercial com os Estados Unidos e revelou que vai manter as tropas russas na Síria, enquanto "for do interesse da Rússia". 

O programa Linha Direta com Vladimir Putin foi ao ar pela primeira vez em 2001. No cuidadosamente coreografado programa, o chefe de Estado responde a perguntas do público ou de chamadas telefônicas, assim como de e-mails ou mensagens de texto. Neste ano, mais de duas milhões de perguntas foram recebidas.

Economia e sanções

Outro ponto abordado por Putin foi o fato de que o Produto Interno Bruto da Rússia é atualmente 1,5% maior do que há um ano. Ele descreveu o crescimento como modesto, mas afirmou estar confiante de que o "crescimento futuro está garantido". "Entramos numa trajetória de crescimento econômico sustentável", disse Putin, que acrescentou que a economia se recuperou da recessão que durou anos. A renda familiar na Rússia está mostrando crescimento sustentável, com inflação mínima de preços, segundo o presidente russo.

A economia da Rússia enfrentou dificuldades nos últimos anos, em meio a sanções econômicas impostas pelo Ocidente e a uma queda nos preços do petróleo. "Acreditamos que a introdução unilateral de sanções de todos os tipos não resolve problemas, mas apenas os agrava."

Putin disse ainda que o governo russo vai procurar simplificar o sistema tributário para combater a pobreza no país. Um dos objetivos de sua presidência é reduzir pela metade o número de russos que vivem abaixo da linha de pobreza, que atualmente é de mais de 20 milhões de pessoas.

Alerta contra os EUA

O presidente russo também afirmou ter alertado a Europa, há alguns anos, para o risco de os Estados Unidos imporem suas regras a outros países. Mas, segundo Putin, ele foi ignorado. O líder russo disse que as tarifas de aço impostas por Washington a vários países do mundo resultaram em retaliações, e que os países europeus nunca esperavam que fossem afetados por tais medidas americanas.

"Parece que nossos parceiros pensaram que isso nunca os afetaria, essa política contraproducente de restrições e sanções. Mas agora estamos vendo que isso está acontecendo", disse Putin. "Ninguém quis ouvir, e ninguém fez nada para impedir que isso se desenvolvesse."

Copa do Mundo

A Copa do Mundo, principal evento esportivo do ano, também foi tema no programa. Putin afirmou que o torneio e a infraestrutura precisam deixar um legado, e que os estádios desempenham um papel fundamental para isso. "Gastamos um monte de dinheiro nisso e é imperativo que toda essa infraestrutura, sob qualquer circunstância, precisa funcionar e, acima de tudo, trabalhar para o desenvolvimento em grande escala do esporte, incluindo o esporte infantil", disse.

Vários estádios do Mundial custarão entre 200 milhões e 400 milhões de rublos (3,2 milhões a 6,4 milhões de dólares) por ano em manutenção, segundo estimativas de autoridades regionais. O governo russo diz que os custos totais da Copa estão em torno de 11 bilhões de dólares, sem incluir boa parte dos gastos em infraestrutura. "Gostaria de me dirigir aos meus colegas regionais e pedir que eles não permitam, em hipótese alguma, que mercados de pulga ou algo do gênero apareça nesses estádios, como ocorreu em outros edifícios relacionados a esporte em Moscou durante a década de 1990", pediu Putin.

O presidente também advertiu a vizinha Ucrânia contra qualquer manobra militar contra os separatistas pró-Rússia no leste ucraniano durante o Mundial. "Espero que não haja nenhuma provocação, mas se isso acontecer eu acho que teria consequências muito sérias ao Estado ucraniano", concluiu.

PV/rtr/ap/afp/dpa

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