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Pandemia faz gestações e casamentos diminuírem no Japão

27 out 2020 - 20h32
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Queda de nascimentos e casamentos gera graves riscos à economia do país, que já enfrentava crise gerada pelo envelhecimento populacional. Proporção de idosos na população deve passar de 35% até 2050A redução do número de gestações e casamentos no Japão durante a pandemia de covid-19 deve intensificar a crise demográfica no país, que já enfrentava problemas decorrentes do rápido envelhecimento de sua população.

Índices de natalidade no Japão, que já eram baixos, atingem níveis alarmantes em razão da pandemia
Índices de natalidade no Japão, que já eram baixos, atingem níveis alarmantes em razão da pandemia
Foto: DW / Deutsche Welle

O possui a sociedade mais idosa em todo o mundo. Mais de 35% de sua população deverá chegar aos 65 anos de idade até 2050, uma tendência que traz riscos ao crescimento econômico e sobrecarrega as despesas do governo.

"Acredito que a disseminação do coronavírus deixa muitas pessoas preocupadas com a gravidez, nascimentos e com criar as crianças", afirmou na última sexta-feira (23/10) o ministro encarregado de reagir ao declínio dos índices de nascimento, Tetsushi Sakamoto.

Dados oficiais recentes demonstram que o número de gestações registradas entre maio em julho caiu 11,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o de casamentos diminuiu 36,9%, O declínio acentuado nos matrimônios é um dado importante, já que a maioria dos bebês japoneses nasce de pais casados.

"Isso é algo muito sério, porque os efeitos negativos poderão permanecer, com a piora na economia resultando em menos casamentos e, consequentemente, em menos nascimentos", afirmou Hideo Kumano, economista-chefe do Instituto Dai-ichi de Pesquisa sobre a Vida.

A pandemia agravou a preexistente tendência negativa das taxas de natalidade, o que o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe chamava de uma "crise nacional". Em 2019, o número de nascimentos já havia sido reduzido em 5,8%, para cerca de 865 mil, o registro anual mais baixo até então.

A Associação Pediátrica do Japão alertou que a natalidade baixa poderá se estender por mais dez anos e razão da pandemia, o que deve abalar não apenas a medicina pediátrica, mas poderá ter efeitos bastante amplos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu um crescimento econômico global de 5,2% em 2021, enquanto o do Japão deverá ser de 2,3%. Segundo Kumano, o despovoamento foi o efeito mais significativo na diferença entre ambos os percentuais.

Um estudo publicado pelo jornal Nikkei, que entrevistou 22 economistas, revela que a maioria dos analistas avaliam que a economia japonesa não deverá voltar aos níveis pré-pandemia antes de 2024, o que sugere um longo período de redução nos casamentos.

Os governantes lutam como podem contra a crise, inclusive com a oferta de cobertura dos tratamentos de fertilidade através de seguros de saúde e dobrando o teto máximo da ajuda financeira aos recém-casados, o que pode chegar a até 600 mil ienes (32,6 mil reais).

"Há várias previsões sobre o que deve acontecer de o número de nascimentos continuar a cair, mas uma coisa é certa: os sistemas atuais, incluindo o de bem-estar social, não estarão mais aptos a funcionar", alertou o ex-ministro responsável pelo declínio da taxa de natalidade Masaji Matsuyama. "Será uma crise na qual a própria existência do país como conhecemos estará em risco."

RC/rtr

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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