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Opinião: Distância virou rotina na relação EUA-Alemanha

2 jun 2019 - 06h50
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Desde que Trump chegou ao poder, alemães e americanos, aliados históricos do pós-guerra, buscam sem sucesso um tema sobre o qual não haja disputa. Mas os governos vivem em planetas diferentes, opina Jens Thurau.É sexta-feira, e as três bandeiras tremulam pacificamente ao vento, uma ao lado da outra, em frente ao gabinete da Chancelaria em Berlim: a americana, a alemã e a europeia. Até se poderia pensar que é como no passado na capital alemã, que foi durante décadas quase uma cidade americana. Mas as bandeiras dão a impressão errada: pouco ou nada é verdade na relação oficial teuto-americana.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, visitou 40 países desde que tomou posse. Ele ainda não tinha tido tempo até então para a Alemanha. Uma visita estava planejada para algumas semanas atrás. Mas Pompeu a cancelou porque havia viajado para o Iraque em cima da hora. Esta foi uma afronta à Alemanha, um aliado tão importante no passado - uma atitude impensável há alguns anos.

Claro, o tom agora foi diplomaticamente educado. A situação ainda não chegou ao ponto de o chefe da diplomacia americana adotar um tom provocativo, como faz constantemente o seu presidente. Soou quase como uma memória melancólica de tempos melhores quando o ministro do Exterior, Heiko Maas, a chanceler Angela Merkel e Pompeu invocaram valores comuns ou Pompeu falou do seu tempo como soldado americano na Alemanha.

Mas depois foi a vez dos conflitos: Irã, Síria, o gasoduto Nord Stream 2, o orçamento de defesa alemão, as relações com a China. E procura-se em vão um tema sobre o qual não haja disputa. Pior ainda, a impressão é de que a alienação se tornou rotina há muito tempo. Ambos os lados estão notavelmente ocupados, salientando, apenas, que estão em contato constante. Qualquer um que tenha que enfatizar isso tantas vezes não tem mais nada a oferecer no momento.

O que a chanceler realmente pensa sobre o atual governo americano, por exemplo, ela deixou claro em seu célebre discurso de Harvard no dia anterior. Foi um apelo apaixonado ao multilateralismo, à proteção do clima, à vitória dos fatos sobre as mentiras. Nem uma vez Donald Trump foi mencionado pelo nome. E, no entanto, apareceu em cada uma das frases da chanceler.

A relação transatlântica é atualmente apoiada por inúmeros contatos pessoais, pelo intercâmbio de negócios e de cultura. Mas os governos vivem em planetas diferentes.

E a cidade de Berlim mal notou que o secretário de Estado dos EUA estava de visita. Tais viagens costumavam ser um evento. Para o bem ou para o mal, sempre houve protestos. A visita de alguém de Washington nunca era tratada com indiferença. Agora, uma nuvem de silêncio paira sobre o quarteirão do governo em Berlim. A coisa só pode melhorar.

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