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Onyx compara gestão Bolsonaro a Felipão no Palmeiras: 'Fazendo ajustes'

Ministro da Casa Civil afirmou que governo 'vai dar certo' e que todos precisam se 'reinventar'

11 abr 2019 - 15h26
(atualizado às 23h25)
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Os zeros foram desenhados em verde-amarelo, com o símbolo do infinito. Sob o slogan "100 dias - 100% pelo Brasil", o presidente Jair Bolsonaro fez nesta quinta-feira, 11, um discurso de menos de cinco minutos, assinou 18 atos e passou a bola para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Responsável pela tumultuada articulação do governo com o Congresso, Onyx comparou as dificuldades da gestão de Jair Bolsonaro na largada aos percalços enfrentados pelo técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, e disse que "erros" são pontuais e serão corrigidos.

"O presidente está parecendo o Felipão. Está fazendo os mesmos ajustes que o Felipão fez no ano passado: deu certo e vai dar certo", afirmou o ministro. "Todos nós precisamos nos reinventar", emendou ele, mandando também um recado ao Congresso.

No Salão Nobre do Planalto, a cerimônia foi sob medida para transmitir a mensagem de que desgastes, ruídos e até trombadas são normais em início de governo. Bolsonaro começou a falar de improviso, mas se atrapalhou com as palavras. Depois de alguns tropeços, passou a ler o discurso pelo teleprompter - um equipamento que exibe o texto.

Além de vender "otimismo" com a referência ao "céu de brigadeiro" - em contraposição à imagem do "mar revolto" citada pelo porta voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros -, o presidente voltou a dizer que o governo "não tem viés ideológico".

Foram distribuídos 400 convites para a cerimônia, no Palácio do Planalto.

Na plateia, estavam quase todos os ministros - as ausências foram os titulares da Economia, Paulo Guedes, e da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, que cumpriam agenda no exterior. Presidentes de partidos convidados por Bolsonaro para integrar a base aliada de sustentação do governo, como ACM Neto, do DEM, e Romero Jucá, do MDB, não compareceram.

Metáfora do futebol invadiu o Planalto

A metáfora do futebol invadiu o Planalto. Ao dizer que tem confiança no levantamento da "taça", com a aprovação da reforma da Previdência ainda neste primeiro semestre, Onyx recorreu à comparação futebolística que, no passado, era usada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso em Curitiba. O chefe da Casa Civil destacou que o Palmeiras, clube treinado por Felipão, "flertou com a ida ao rebaixamento" no Campeonato Brasileiro, mas acabou se recuperando e conquistou o décimo título.

Na Câmara, deputados da oposição riam, afirmando que a citação de Onyx poderia levar o torcedor a lembrar da goleada de 7 a 1 sofrida pelo Brasil, na semifinal da Copa de 2014, contra a Alemanha. Naquela época, o técnico era justamente Felipão. Onyx pareceu não dar pelota para os comentários. Disse que o governo está "aprendendo" e pode cometer equívocos. "Mas não adianta fazer gol e perder o jogo. O importante é faixa no peito e taça na mão", insistiu.

O Planalto trocou nesta semana o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), na tentativa de conter a queda de popularidade de Bolsonaro, que decidiu sair mais do gabinete para se aproximar da população. A ideia também é lançar uma campanha para explicar didaticamente a reforma da Previdência. "Só que, nesse governo, não tem 'marqueteada' que depois inspira programa", afirmou Onyx, em alusão a slogans criados pelo marqueteiro João Santana, nas gestões de Lula e de Dilma Rousseff, antes mesmo de o projeto sair do papel.

O chefe da Casa Civil usou várias vezes a palavra "humildade" para se referir ao trabalho realizado. O mote faz parte da nova estratégia de comunicação, após a perda de capital político do presidente. "Temos humildade, foco, trabalho e começamos a entregar os primeiros resultados", disse Onyx. "A única ambição que o governo tem é fazer os brasileiros viverem mais felizes."

A fórmula da governabilidade, na avaliação do ministro, "não está pronta em lugar nenhum do mundo, mas exclui o toma lá, dá cá". Antes de se despedir, ele ainda pediu aos jornalistas: "Vocês precisam ter um pouquinho de paciência com a gente, viu?"

Estadão
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