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O que ficou da Alemanha do 7 x 1?

6 mar 2018 - 06h45
(atualizado às 21h01)
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A conquista em 2014 marcou o ápice de uma geração, e Joachim Löw teve de efetuar reformulações no elenco e no plano tático. Em 100 dias começa a Copa na Rússia: que cara deve ter o time que buscará o penta?

Joachim Loew, técnico da seleção da Alemanha, durante o sorteio dos grupos da Copa do Mundo na Rússia.
Joachim Loew, técnico da seleção da Alemanha, durante o sorteio dos grupos da Copa do Mundo na Rússia.
Foto: Shaun Botterill / Getty Images

Não há dúvidas de que a Alemanha faz parte do seleto grupo dos grandes favoritos na Copa do Mundo de 2018: é a atual campeã mundial, encabeça o ranking da Fifa, fez uma Eliminatória impecável e sagrou-se campeã com uma equipe alternativa da Copa das Confederações. Por outro lado, embora o retrospecto recente mostre números expressivos, a conquista no Brasil marcou o ápice de uma geração - e o fim de parte dela - e a Alemanha inevitavelmente levará à Rússia uma equipe menos experiente.

Para buscar o sonhado pentacampeonato mundial - e, desta forma, igualar a seleção brasileira - não falta motivação: além de poder repetir os títulos consecutivos de Itália (1934 e 1938) e Brasil (1958 e 1962), a Federação Alemã de Futebol (DFB) ofereceu uma premiação recorde de 350 mil euros para cada atleta. De quebra, Joachim Löw pode igualar a marca do italiano Vittorio Pozzo - o único treinador que conquistou duas Copas seguidas.

Aposentadorias e novos talentos

Mas para isso, o treinador alemão precisa encontrar um equilíbrio tático no reformulado elenco e uma hierarquia saudável dentro da Nationalelf. Löw forçosamente levará à Rússia uma equipe menos calejada, com incógnitas no setor ofensivo e carente de líderes natos, após as aposentadorias de bastiões de longa data da seleção alemã e peças fundamentais para o sucesso no Brasil: o ex-capitão Philipp Lahm, o cão de guarda Bastian Schweinsteiger, o maior artilheiro de todas as Copas Miroslav Klose e o atacante Lukas Podolski.

Além disso, outros jogadores importantes em 2014 e com mais bagagem internacional têm feito uma temporada discreta em seus clubes: Mario Götze, autor do gol do título no Maracanã, fez apenas dois gols pelo Borussia Dortmund; seu companheiro de equipe André Schürrle disputou singelos 17 jogos; Thomas Müller tem se sacrificado taticamente no Bayern de Munique e deixou de ser protagonista; Mesut Özil somou sete assistências no Arsenal; e o defensor Benedikt Höwedes atuou em apenas 68 minutos pela Juventus.

Dos atletas que estiveram no Brasil, apenas o zagueiro Mats Hummels, o volante Sami Khedira e o meia Toni Kroos apresentam estatísticas respeitáveis na temporada. No entanto, desde o Mundial de 2014, alguns talentos despontaram e aproveitaram suas chances na Copa das Confederações: os defensores Niklas Süle e Joshua Kimmich (Bayern de Munique), Matthias Ginter (Borussia Mönchengladbach) e Antonio Rüdiger (Chelsea), os meio-campistas Julian Draxler (Paris Saint-Germain), Leon Goretzka e Max Meyer (Schalke 04), Emre Can (Liverpool), Sebastian Rudy (Bayern de Munique), Julian Weigl (Borussia Dortmund) e Ilkay Gündogan (Manchester City), além dos atacantes Timo Werner (RB Leipzig), Sandro Wagner (Bayern de Munique) e Leroy Sané (Manchester City).

Recorde nas Eliminatórias

A remodelação do elenco surtiu efeito nas Eliminatórias. A Alemanha venceu todos os dez jogos (43 gols pró e 4 contra) e quebrou o recorde histórico da Espanha (2009, 10 vitórias com 28 gols pró e 5 contra). No entanto, o grupo da Alemanha era fraco, com San Marino, Azerbaijão, Noruega, República Tcheca e Irlanda do Norte. Com 21 marcadores diferentes, os artilheiros da Alemanha nas Eliminatórias foram Thomas Müller e Sandro Wagner com apenas cinco gols cada - para efeito de comparação: Robert Lewandowski marcou 16 vezes pela Polônia.

Löw aproveitou o grupo acessível das Eliminatórias, a Copa das Confederações e diversos amistosos para testar jogadores e diversificar as opções táticas da equipe. Somente nas Eliminatórias, Löw utilizou 37 jogadores (recorde) - apenas Kimmich atuou em todas as partidas. O esquema favorito de Löw notoriamente é o 4-2-3-1. Mas em diversos jogos a Alemanha foi a campo com uma linha de três defensores, variando entre formações em 3-5-2 e 3-4-2-1. E isso se deve principalmente a dois fatores: dúvidas na composição das laterais e preocupações em como contornar a falta de poderio ofensivo.

Claramente, Löw busca dar uma variedade, uma imprevisibilidade ao futebol da seleção alemã. A Nationalelf deve mostrar na Rússia uma preocupação maior em gerar uma proteção mais coesa diante da própria grande área. A compactação dos setores será ainda mais importante do que foi no Brasil, justamente pela falta de jogadores decisivos e para fazer com que a falta de opções no comando de ataque seja suprida pela versatilidade trazida por jogadores como Sané, Draxler, Goretzka, Gündogan e Özil. As bolas paradas serão uma arma fundamental com Kroos, Hummels, Boateng, Khedira e eventualmente Süle, Wagner e Kimmich.

Ninguém contesta a solidez da base - seja ela de jogadores, de proposta de jogo ou de mentalidade - da seleção da Alemanha. Ainda mais depois de conquistar a Copa das Confederações com Draxler como o jogador que mais havia vestido a camisa pesada da Nationalelf - na época eram 30 partidas.

Desempenho inconstante contra potências

Mas os resultados frente às grandes seleções, seja na Eurocopa de 2016 ou em amistosos, geraram dúvidas e expuseram fragilidades: cobertura na subida dos laterais, quem será o lateral-esquerdo, constância competitiva durante 90 minutos e vacância na posição de centroavante - posição na qual o nome do experiente Mario Gómez, de 32 anos, vem ganhando força na Alemanha.

Desde o final da Copa do Mundo de 2014, a Alemanha disputou 48 jogos, com 31 vitórias, nove empates e oito derrotas, mas teve dificuldades contra as seleções mais fortes: Argentina (derrota), Espanha (vitória), França (duas derrotas, uma na Eurocopa de 2016, e um empate), Inglaterra (derrota, vitória e empate), Itália (vitória e dois empates, um na Eurocopa) e Polônia (cabeça de chave da Copa - derrota, vitória e empate na Eurocopa).

Antes do Mundial da Rússia, os atuais campeões mundiais receberão a Espanha, em 23 de março, e a seleção brasileira, em 27 de março. Löw anunciará a lista provisória de convocados em 15 de maio, três dias após a última rodada da Bundesliga. A preparação envolverá outros dois amistosos: 2 de junho contra a Áustria e 8 de junho frente à Arábia Saudita.

A lista final com os 23 convocados deve ser entregue à Fifa até 4 de junho. A base escolhida pela DFB será cerca de 40 quilômetros ao sudoeste de Moscou. A estreia da Alemanha na fase de grupos será em Moscou, contra o México. Em seguida enfrentará a Suécia, em Sochi, e a Coreia do Sul, em Kazan.

Quem vai à Rússia?

A lista de convocados engloba três goleiros e 20 jogadores de linha. O goleiro Manuel Neuer, que se recupera de uma fratura no pé esquerdo, será o capitão da seleção alemã. Além de Neuer, Marc-André ter Stegen, do Barcelona, deve ter posição garantida na convocação. Pela terceira vaga disputam Bernd Leno, do Bayer Leverkusen, Kevin Trapp, do Paris Saint-Germain, e o reserva de Neuer no Bayern de Munique, Sven Ulreich.

A 100 dias da abertura da Copa do Mundo, Löw enalteceu a qualidade de jogadores a sua disposição e apontou para a dificuldade de nomear os 23 atletas: "Trata-se da disputa [por vagas] mais dura que já enfrentamos. Teremos de tomar decisões realmente muito difíceis", afirmou.

A DW Brasil ousou ajudar Löw nesta missão:

Goleiros: Manuel Neuer, Marc-André ter Stegen e Bernd Leno.

Laterais: Joshua Kimmich e Jonas Hector.

Zagueiros: Mats Hummels, Jérôme Boateng, Niklas Süle e Antonio Rüdiger.

Meio-campistas: Toni Kroos, Julian Draxler, Leon Goretzka, Mario Götze, Ilkay Gündogan, Sami Khedira, Mesut Özil, Julian Brandt e Emre Can.

Atacantes: Thomas Müller, Marco Reus, Leroy Sané, Sandro Wagner e Timo Werner.

Time base: Manuel Neuer; Joshua Kimmich, Jérôme Boateng, Mats Hummels e Jonas Hector; Sami Khedira e Toni Kroos; Mesut Özil, Thomas Müller e Marco Reus; Timo Werner.

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