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'O povo vai dizer se nós estamos certos ou não', diz Bolsonaro sobre caso Moro

Presidente reforça associação com ministro e afirma que quer levá-lo ao gramado do Maracanã na final da Copa América e que população definirá se eles estão 'certos ou não'

5 jul 2019 - 12h41
(atualizado às 21h59)
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O presidente Jair Bolsonaro reforçou nesta sexta-feira, 5, a associação com o ministro Sérgio Moro e a Lava Jato ao ser questionado sobre novas mensagens atribuídas ao ex-juiz e ao procurador Deltan Dallagnol sobre procedimentos da operação. Bolsonaro afirmou que pretende assistir amanhã à final da Copa América, entre Brasil e Peru, no Maracanã, ao lado do titular da Justiça e Segurança Pública. E disse que caberá ao "povo" dizer se eles estão "certos ou não".

Após a divulgação do caso pelo site The Intercept Brasil, Moro, com aval do Palácio Planalto, traçou uma estratégia para transformar o vazamento da troca de mensagens atribuídas a ele em uma espécie de plebiscito dos que são contra e a favor da Lava Jato. Nesta sexta-feira, Moro voltou a enfatizar o trabalho da operação ao responder a perguntas sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.

"Embora existam cegueiras ideológicas que às vezes turvam o nosso juízo, a grande maioria dos brasileiros, se não a totalidade, avalia o trabalho da Lava Jato positivamente, e percebe que queremos fazer a coisa certa dentro do governo, que queremos avançar", disse o ministro, que não descartou a possibilidade de concorrer ao Planalto, mas ressaltou que "o candidato do governo será o presidente".

Conforme novos supostos diálogos divulgados pela revista Veja, em parceria com The Intercept Brasil, Moro teria orientado procuradores da Lava Jato a anexar provas para fortalecer a parte acusatória em um dos processos da operação. O ministro afirma que não reconhece a autenticidade das mensagens atribuídas a ele, "obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente".

Questionado sobre a publicação, Bolsonaro fez referência ao apoio popular. "Pretendo domingo não só ir assistir à final do Brasil com Peru, bem como, se for possível, se a segurança me permitir, irei com o Sérgio Moro junto ao gramado. E o povo vai dizer se nós estamos certos ou não", afirmou o presidente após evento no Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília.

Quando o caso Moro veio à tona, no início do mês passado, Bolsonaro demorou para quebrar o silêncio e sair em defesa do seu ministro da Justiça. O gesto explícito de apoio foi feito justamente num estádio de futebol - o presidente levou Moro à arena Mané Garrincha, na capital federal, para assistir ao jogo entre Flamengo e CSA, pelo Campeonato Brasileiro. Os dois vestiram camisas do time rubro-negro e foram saudados pela torcida.

No domingo passado, atos convocados em defesa de Moro e da Lava Jato em dezenas de cidades brasileiras foram apoiados pelo presidente. "A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil", escreveu Bolsonaro no Twitter. Moro também usou a rede social para agradecer as manifestações nas ruas.

Nesta sexta, em São Paulo, o ministro foi muito aplaudido ao participar de evento da XP Investimentos, cuja plateia era formada essencialmente por agentes do mercado financeiro. Entrevistado no palco, Moro respondeu com exaltação à Lava Jato a perguntas sobre uma eventual candidatura ao Planalto. O ex-juiz disse que a operação "foi um trabalho muito difícil". "Até porque tem esses efeitos colaterais, com incremento progressivo da lista de inimigos", afirmou, ressaltando que, em geral, a população vê o resultado como positivo.

Em relação a uma candidatura, o ministro declarou que não é sua pretensão e que "dificilmente" conseguirá "chegar com fôlego para esse tipo de situação". "Acho absolutamente prematuro falar nesse assunto, mas, como já houve referência nesse sentido do próprio presidente, o candidato do governo será o presidente."

A final da Copa América no Rio será a quinta vez que Bolsonaro irá a um estádio como presidente. Questionado sobre vaias durante o último jogo da equipe brasileira, no Mineirão, o presidente disse que o alvo era a seleção da Argentina. "Houve vaia quando a seleção da Argentina entrou. E aí jogaram a câmera para cima de mim. Queriam o quê?"/ TEO CURY, ANDRÉ ÍTALO ROCHA, FERNANDA GUIMARÃES e FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

Estadão
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