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O Brasil na imprensa alemã (05/05)

5 mai 2021 - 15h05
(atualizado às 15h25)
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Jornais da Alemanha destacam a CPI da Pandemia e as críticas ao acordo entre UE e Mercosul, que não decola devido à oposição europeia ao governo Bolsonaro.FAZ - "A fúria dos brasileiros" (29/04)

Jornais alemães noticiaram criação da CPI para investigar as ações do governo Bolsonaro na pandemia
Jornais alemães noticiaram criação da CPI para investigar as ações do governo Bolsonaro na pandemia
Foto: DW / Deutsche Welle

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode se tornar um problema para o presidente Jair Bolsonaro. A comissão investigará a forma como seu governo lidou com a pandemia, que até agora ceifou a vida de quase 400 mil pessoas no Brasil e mantém o país numa situação de estrangulamento. O inquérito, apelidado de "painel da morte" pelos críticos do governo, analisará questões como: por que o governo promoveu tratamentos com medicamentos ineficazes, por que três ministros da Saúde foram destituídos durante a pandemia e como o sistema de saúde no Amazonas entrou em colapso em janeiro, quando hospitais ficaram sem oxigênio. O senador Renan Calheiros, que relator da comissão, foi claro: "Há culpados, e eles serão responsabilizados".

[...] Observadores suspeitam que [o ex-ministro e general do Exército Eduardo] Pazuello poderia se tornar o bode expiatório do governo, também para tirar Bolsonaro da linha de tiro, pois não há dúvidas de que a CPI é dirigida principalmente contra o presidente e poderia diminuir suas chances de reeleição no próximo ano. A raiva sobre os fracassos do governo tem aumentado nas últimas semanas, e a comissão provavelmente vai expor outros detalhes desagradáveis. Bolsonaro e seus aliados haviam tentado, grande parte sem sucesso, primeiro impedir a instalação da CPI, depois influenciar seu propósito e composição. Agora eles querem desacreditar a comissão como um espetáculo puramente político.

Um dos temas potencialmente mais prejudiciais para o governo diz respeito à compra de vacinas. O Ministério da Saúde rejeitou pelo menos 11 propostas de fornecimento de imunizantes, incluindo uma para 70 milhões de vacinas da Pfizer, em agosto. Os críticos acusam o governo de ter agido com base na crença da imunidade de rebanho e, portanto, de aceitar milhares de mortes. No Brasil, quase 20% dos adultos agora estão vacinados com pelo menos uma dose, graças em grande parte aos esforços do estado de São Paulo. Cinco vacinas estão atualmente autorizadas.

TAZ - "UE quer melhorar o acordo com Mercosul" (03/05)

Apesar de todas as críticas, a Comissão Europeia mantém o acordo de livre-comércio planejado com os países do Mercosul. O comissário de Comércio [da UE], Valdis Dombrovskis, propôs uma emenda ao "acordo pioneiro" para conter o desmatamento, especialmente na região amazônica. Mas isso não é suficiente, de acordo com um parecer jurídico apresentado pelas organizações Misereor e Greenpeace.

"O estudo prova que a proteção efetiva dos direitos humanos e das normas ambientais só pode ser alcançada através da renegociação [do acordo]", diz Armin Paasch, especialista em comércio da Misereor. Um protocolo adicional, afirma ele, "não faria sentido". Ao mesmo tempo, ele alerta para um acordo com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. "A UE não deve apoiar um presidente populista de direita que desrespeita o clima e os direitos humanos."

Dombrovskis já havia abordado Bolsonaro e outros políticos do Mercosul em dezembro passado para melhorar o controverso acordo. "Eles se mostraram prontos para adicionar outro instrumento que afete principalmente o desmatamento", afirmou Dombrovskis na sexta-feira passada num discurso para a associação empresarial Business Europe, em Bruxelas. Trata-se de medidas adicionais contra o desmatamento na Amazônia, e os detalhes ainda estão sendo acertados.

SZ - "Problemas com os protocolos" (02/05)

Este acordo comercial [entre Mercosul e União Europeia] eliminaria 4 bilhões de euros em tarifas por ano - mais do que qualquer outro acordo da UE. E, ainda assim, o acordo com o Mercosul é altamente polêmico. Os Estados-membros, o Parlamento da UE e os parlamentos nacionais teriam que aprovar o tratado, mas a oposição é enorme. Acima de tudo, os críticos temem consequências prejudiciais para a floresta tropical e para o clima global. Valdis Dombrovskis, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, pretende agora salvar o acordo com compromissos adicionais. No entanto, um parecer jurídico alerta contra essa medida.

O Greenpeace e a organização Misereor publicarão o estudo nesta segunda-feira. O Süddeutsche Zeitung pôde ver o documento de 46 páginas com antecedência. Sua conclusão: "A única opção para melhorar este acordo seria renegociá-lo." Um compromisso adicional, entretanto, "não faria sentido".

[...] Os opositores do tratado reclamam que o capítulo sobre meio ambiente e questões sociais é muito frouxo e que não há sanções severas, como a reintrodução de tarifas aduaneiras, em caso de violações. Os críticos também reclamam que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro está fazendo muito pouco para combater as queimadas na Amazônia e temem que o acordo agrave o problema. Afinal de contas, ele prevê uma maior importação de carne bovina dos países do Mercosul - e o rebanho precisa de pasto. O Parlamento Europeu e alguns governos da UE, como o austríaco, decidiram, portanto, não aprovar o acordo nesta forma.

Para salvar o tratado, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Dombrovskis, quer celebrar acordos adicionais com os Estados do Mercosul - especialmente o Brasil - que atendam às preocupações dos ambientalistas. "A forma exata do documento ainda está sendo discutida, mas se trata de compromissos para proteger o meio ambiente, respeitar o Acordo de Paris e medidas tangíveis contra o desmatamento na Amazônia", afirmou ele ao SZ.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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