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Não existe tutela ou moderação dos militares no governo, diz Mourão nos EUA

"Eu deixo muito claro para todo mundo que, no meio onde vivi, a disciplina intelectual e a lealdade para com o presidente Bolsonaro é total e todos os meus movimentos são do conhecimento dele", disse Mourão aos jornalistas

6 abr 2019 - 22h10
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BOSTON - Menos de 20 dias depois de o presidente Jair Bolsonaro fazer uma visita de trabalho aos Estados Unidos, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, viajou ao país para "mostrar a bandeira" brasileira, segundo definiu a jornalistas. Mourão tem uma agenda que faz contraponto a parte do cronograma adotado por Bolsonaro em solo americano, mas refutou qualquer descolamento entre ele e o presidente.

"Estou aqui autorizado pelo presidente da República", avisou Mourão a jornalistas em Boston, onde está para participar do Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros das universidades de Harvard e do MIT.

Ele também refutou publicamente a ideia de que haja uma divisão no governo e que os militares estariam tentando temperar o discurso de Bolsonaro. "A ala militar não existe, o que existe são ministros que vieram das Forças Armadas", disse. "O presidente tem o estilo próprio dele e temos que saber trabalhar com o estilo do presidente. Você não vai mudar a forma de uma pessoa agir na fase da vida em que ele se encontra. O que tem ocorrido normalmente é que procuramos discutir, principalmente os assessores mais próximos, o processo de tomada de decisão para melhorar aquilo que ele tem que decidir, mas nenhum tipo de tutela, moderação", afirmou Mourão a jornalistas.

Antes, em um almoço privado em Boston, ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro está ciente de que é preciso deixar de lado discursos extremados e polarizados. Segundo três fontes presentes no encontro, Mourão defendeu que o governo não caia em tentativas de polarização pela oposição. Confrontado por presentes no encontro se não era o próprio presidente quem adotava uma retórica polarizada, Mourão disse que Bolsonaro foi aconselhado por seu entorno a deixar de governar para poucos e a tendência atual é que isso aconteça.

No mesmo dia, mais cedo, ele já havia afirmado que ele era "complementar" a Bolsonaro. Mourão tem passagens por Boston e por Washington. Na capital dos EUA, ele irá se encontrar com o vice-presidente Mike Pence.

A agenda de Mourão nos EUA é criticada por uma ala do governo, que avalia que ele tenta se mostrar como uma figura antagônica ao presidente. Os encontros do vice-presidente na manhã deste sábado, 6, incluíram, por exemplo, uma reunião de cerca de uma hora com o ex-ministro Mangabeira Unger, que já criticou o governo Bolsonaro. Mangabeira foi também o guru de Ciro Gomes (PDT) durante a campanha eleitoral de 2018. "Eu deixo muito claro para todo mundo que, no meio onde vivi, a disciplina intelectual e a lealdade para com o presidente Bolsonaro é total e todos os meus movimentos são do conhecimento dele", disse Mourão aos jornalistas.

Estadão
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