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Zaporizhzhia vive domingo de verão sob temor de catástrofe

Cidade fica perto da maior central nuclear da Europa

7 ago 2022 - 15h35
(atualizado às 15h48)
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Um olho no contador Geiger, instrumento usado para medir radiação, e outro no termômetro.

Ucranianos aproveitam domingo de sol nas praias de água doce de Zaporizhzhia
Ucranianos aproveitam domingo de sol nas praias de água doce de Zaporizhzhia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Enquanto o primeiro não aponta nenhuma anomalia, o segundo marca 38ºC e faz lotar as praias de água doce de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, com cidadãos locais e soldados de folga da guerra.

As TVs sobre os balcões dos bares veiculam alertas sobre uma possível catástrofe nuclear - a província abriga a maior central de energia atômica da Europa, que está sob controle da Rússia -, e as autoridades recomendam a leitura dos procedimentos para eventuais vazamentos de material radioativo: procurar abrigo, colocar o maior número possível de paredes entre você e o exterior, lavar-se com cuidado e jogar fora roupas possivelmente contaminadas.

As praias são banhadas pela água que desce da grande represa no Rio Dnipro e se estendem entre a cidade de Zaporizhzhia, capital da província homônima, e a ilha de Khortytsia, lugar de grande importância histórica devido aos cossacos zaporozhianos, que constituem um dos mitos fundadores da identidade ucraniana.

Na areia acumulada às margens do rio, as mães se bronzeiam ao lado de fardas abandonadas pelos pais, que aproveitam o único dia do mês em que podem brincar com seus filhos. "Em geral, em agosto as pessoas pegam o carro e vão para o Mar Negro, pena que os russos estão lá agora", explica o gestor de uma churrasqueira na praia Zhdanovsky.

O corredor terrestre criado pela Rússia entre o Donbass ocupado e a Crimeia anexada cortou o acesso dos moradores de Zaporizhzhia à maior parte da costa no Mar Negro, com exceção da província de Odessa, à qual está conectada por uma estrada que passa muito perto da linha de frente.

Escondida atrás de uma curva do Dnipro, a maior central nuclear da Europa, palco de confrontos no fim da semana passada, continua a ameaçar a cidade, mas o domingo transcorre serenamente na praia Zhdanovsky. "Entre radiação, mísseis e tiros, lá fora tem muita coisa querendo me matar. Desculpe, mas hoje prefiro não pensar nisso", diz um soldado de folga.

"Posso até te oferecer uma bebida, mas de guerra eu só falo amanhã", acrescentou.

Ansa - Brasil   
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