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Venezuelanos correm para o comércio antes de reforma monetária

17 ago 2018 - 19h34
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Venezuelanos tensos correram nesta sexta-feira pra lojas e formaram longas filas em preparação para uma reforma monetária que irá remover cinco zeros de preços em resposta à hiperinflação que deixou o dinheiro cada vez mais sem valor. 

Motoristas fazem fila em posto de gasolina em Caracas
17/08/2018 REUTERS/Marco Bello
Motoristas fazem fila em posto de gasolina em Caracas 17/08/2018 REUTERS/Marco Bello
Foto: Reuters

Compradores buscaram garantir que suas casas estivessem estocadas com comida antes da medida decretada pelo presidente Nicolás Maduro entrar em vigor na segunda-feira, com preocupações de que confusões entre vendedores e sistemas bancários sobrecarregados possa tornar o comércio impossível.

A inflação atingiu 82.700 por cento em julho, conforme o modelo econômico socialista do país continua se desfazendo, o que significa que para compras de itens básicos, como sabonetes ou um quilo de tomates, são necessárias pilhas de dinheiro, frequentemente difícil de ser obtido.

"Vim comprar verduras, mas estou indo embora porque não vou esperar nesta fila", disse Alicia Ramírez, administradora de empresa de 38 anos, ao deixar um supermercado na cidade de Maracaibo, no oeste do país. "As pessoas estão ficando loucas."

A mudança parece pouco provável de gerar o caos visto em dezembro de 2016, quando Maduro removeu a maior nota em circulação sem fornecer uma substituta para ela. Isto gerou protestos, roubos e centenas de prisões, conforme o país foi efetivamente deixado sem moeda legal.

O tráfego era leve na capital Caracas nesta sexta-feira, conforme comerciantes se esforçavam antes da reforma. Grandes cidades em todo o país pareciam estar em feriado nacional

Maduro, que disse que o país é vítima de uma "guerra econômica" liderada por adversários políticos, disse que a medida irá levar estabilidade econômica para o país membro da Opep.

Seus críticos dizem que a ação é pouco mais que uma manobra contábil que não fará nada para diminuir os preços em alta. Eles culpam políticas socialistas fracassadas e impressão indiscriminada de dinheiro pela inflação.

Como muitas transações agora acontecem via cartões de débito em terminais de venda, muitos temem que esta mudança - que líderes da indústria bancária disseram ter sido feita de forma muito rápida - pode derrubar redes financeiras.

Maduro declarou feriado público para segunda-feira, quando um novo conjunto de notas será introduzido com denominações mais baixas. Operações bancárias na internet serão paralisadas por diversas horas a partir da noite de domingo.

"Eu não entendo esta conversão monetária, o governo não explicou como isto irá funcionar ou como os salários serão", disse Yuraima Galaviz, que comprava na cidade de San Cristóbal, no oeste do país. "Como vamos comprar coisas se nem vimos as novas notas?"

A principal diferença entre a mudança e a decisão monetária de Maduro de 2016 é que, neste caso, a maior parte das notas atuais irá coexistir com as novas notas por um período indeterminado enquanto as novas entram em circulação.

Isto deixará em alguns casos consumidores em uma situação confusa de ter que usar notas antigas com o valor de 1.000.000 bolívares para fazer compras avaliadas em 10 bolívares na nova denominação.

Venezuelanos mais pobres sem contas bancárias estão há meses carregando pilhas de notas para fazer compras básicas.

Comprar um quilo de queijo, equivalente a 1,14 dólar na taxa cambial mais utilizada, exige 7.500 notas de mil bolívares - uma nota que só entrou totalmente em circulação em 2017.

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