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Universidade chinesa investigará acadêmico que diz ter editado genes de gêmeas

26 nov 2018 - 12h12
(atualizado às 14h54)
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Uma universidade chinesa disse nesta segunda-feira que iniciará imediatamente uma investigação sobre um professor associado que publicou vídeos no YouTube alegando ter editado os genes de gêmeas nascidas no início deste mês e defendendo a ética de seu trabalho.

Imagem cedida à Reuters de uma dupla hélice de DNA 15/05/2012 REUTERS/National Human Genome Research Institute/Divulgação
Imagem cedida à Reuters de uma dupla hélice de DNA 15/05/2012 REUTERS/National Human Genome Research Institute/Divulgação
Foto: Reuters

A Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, de Shenzhen, disse que não estava ciente do projeto de pesquisa e que o acadêmico He Jiankui estava em licença não remunerada desde fevereiro.

O trabalho é uma "violação grave da ética e dos padrões acadêmicos", disse.

A escola emitiu o comunicado depois que He disse em cinco vídeos publicados no YouTube nesta segunda-feira que usou uma tecnologia de edição genética conhecida como CRISPR-Cas9 para editar os genes de duas gêmeas.

O processo de edição, que ele chama de cirurgia genética, "funcionou com segurança, como pretendido", e as duas são "tão saudáveis quanto qualquer outro bebê", disse em um dos vídeos. Foi impossível verificar as afirmações, uma vez que He não apresentou nenhuma documentação escrita de sua pesquisa.

Essencialmente, a CRISPR-Cas9 é uma tecnologia que permite que cientistas copiem e colem partes do DNA, aumentando a esperança de desenvolvimento de curas genéticas para doenças - mas também causando preocupações em relação à segurança e ética.

"Se for verdade, este experimento é monstruoso", disse Julian Savulescu, diretor do Centro Oxford Uehiro para Ética Prática da Universidade de Oxford.

A Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul disse que formará um comitê independente de especialistas para investigar o caso e que He está de licença não remunerada até 2021.

"A Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul exige rigorosamente que as pesquisas científicas se conformem às leis e regulamentos nacionais e que respeitem e cumpram a ética e os padrões acadêmicos internacionais", disse.

Ao ser procurado para comentar o comunicado da escola, He disse estar de licença voluntária há vários anos para se concentrar em sua pesquisa, sem especificar datas.

Nos vídeos, o cientista defendeu seu trabalho, dizendo: "Entendo que meu trabalho será controverso, mas acredito que famílias precisam desta tecnologia. E estou disposto a receber as críticas por elas".

Em um email enviado mais cedo à Reuters, He disse que planeja compartilhar dados sobre o teste em um fórum científico nesta semana.

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