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UE não endossa postura de Draghi de chamar Erdogan de 'ditador'

Incidente abriu uma crise diplomática entre Itália e Turquia

9 abr 2021 - 11h08
(atualizado às 11h41)
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Celebrada na Itália, a postura do primeiro-ministro Mario Draghi de chamar o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de "ditador" não encontrou eco na União Europeia.

Recep Tayyip Erdogan governa a Turquia desde 2003
Recep Tayyip Erdogan governa a Turquia desde 2003
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Questionado sobre o assunto nesta sexta-feira (9), um porta-voz da Comissão Europeia, poder Executivo do bloco, afirmou que a Turquia é um país com "parlamento e presidente eleitos".

"Trata-se de um quadro complexo, mas não cabe à União Europeia qualificar um sistema ou uma pessoa", disse o porta-voz, ressaltando que Bruxelas tem preocupações sobre "liberdade de expressão, direitos fundamentais e a situação do sistema judiciário" em Ancara.

Já Ulrike Demmer, porta-voz da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que a líder "não comenta afirmações de chefes de Estado e de governo".

Draghi chamou Erdogan de "ditador" ao comentar o tratamento sexista dispensado pelo presidente à mandatária da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma reunião em Ancara no início da semana.

Na ocasião, Erdogan recebeu Von der Leyen e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, mas separou uma cadeira apenas para o segundo, enquanto a primeira ficou sem saber onde se sentar e depois foi acomodada em um sofá.

"Lamento muito pela humilhação que a presidente da Comissão sofreu. A consideração a fazer é que com esses, digamos, ditadores temos de ser francos ao expressar a diferença de visões, de opiniões, comportamentos, mas temos também de estar prontos a cooperar para assegurar os interesses do próprio país", disse Draghi na última quinta (8).

Em resposta às declarações do premiê, o governo da Turquia convocou o embaixador da Itália em Ancara, Massimo Gaiani, para protestar. "Condenamos veementemente as afirmações descontroladas do primeiro-ministro italiano nomeado, Mario Draghi, sobre o nosso presidente eleito, Recep Tayyip Erdogan", afirmou o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu.

Ao chamar Draghi de "primeiro-ministro nomeado", o chanceler faz referência ao fato de o economista não ter sido eleito premiê, já que assumiu o cargo após uma crise política que culminou na queda de Giuseppe Conte, sem ter passado pelas urnas.

Além disso, o vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, disse que a Itália deve olhar para "sua história recente" se quiser ver "o que é uma ditadura", em referência ao regime fascista de Benito Mussolini.

Erdogan comanda a Turquia com punho de ferro desde 2003, quando assumiu o cargo de primeiro-ministro. Ele exerceu a função de premiê até 2014, quando foi eleito presidente com cerca de 52% dos votos.

Em 2016, uma fracassada tentativa de golpe de Estado foi usada por Erdogan para promover o expurgo de mais de 140 mil servidores públicos e militares acusados de ligação com o levante. Dois anos depois, após introduzir o regime presidencialista no país - até então uma república parlamentarista -, ele foi reeleito para um novo mandato de cinco anos.

Ansa - Brasil   
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