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Trump tentou controlar inquérito, diz 'relatório Mueller'

'Esse é o fim da minha presidência', teria dito o magnata

18 abr 2019 - 13h24
(atualizado às 13h30)
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Após quase um mês de espera, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira (18) a íntegra do relatório do procurador especial Robert Muller sobre as suspeitas de interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016.

Donald Trump chamou inquérito de "maior mentira de todos os tempos"
Donald Trump chamou inquérito de "maior mentira de todos os tempos"
Foto: EPA / Ansa - Brasil

O documento de 448 páginas descartou qualquer conluio entre a campanha de Donald Trump e Moscou, embora mantenha em aberto a hipótese de ter havido obstrução de Justiça por parte do presidente. Segundo o "relatório Mueller", no entanto, não há provas suficientes para denunciar o magnata.

"Se tivéssemos confiança de que o presidente não cometeu obstrução de Justiça, diríamos isso. Mas, com base nos fatos à disposição e nos padrões legais, não somos capazes de fazer essa avaliação", disse Mueller. De acordo com o procurador, o Congresso ainda pode determinar se Trump cometeu esse crime.

Agora controlada pelo Partido Democrata, a Câmara dos Representantes tem a prerrogativa de investigar o presidente, embora um eventual impeachment também dependa do aval do Senado, dominado pelo Partido Republicano.

Em uma resposta por escrito a Mueller incluída no relatório, Trump comentou os rumores de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, apoiava sua candidatura contra a democrata Hillary Clinton.

"Não me lembro de ter ouvido durante a campanha eleitoral que Vladimir Putin ou o governo russo apoiasse minha candidatura ou se opusesse à de Hillary Clinton. Mas eu sabia de algumas informações da imprensa que indicavam que Putin havia dito coisas positivas sobre mim", afirmou o magnata.

Ainda de acordo com o procurador, Trump se esforçou para tentar controlar o inquérito do "caso Rússia", mas "não teve sucesso na maioria das vezes". Durante as investigações, o presidente demitiu o então diretor do FBI, James Comey, e tentou tirar o próprio Mueller do cargo.

O documento também mostra que representantes russos tentaram interferir no processo eleitoral, mas não tiveram cooperação da equipe de Trump. No Twitter, o presidente chamou o inquérito de "maior mentira política de todos os tempos". O "relatório Mueller" foi entregue ao Departamento de Justiça no dia 22 de março, e desde então a oposição cobrava sua divulgação na íntegra - o secretário de Justiça William Barr havia liberado apenas trechos do documento.

"Fim da minha presidência"

Ao saber, em 2017, que o "caso Rússia" ficaria a cargo de Mueller, Trump teria se desesperado, segundo anotações escritas por Jody Hunt, chefe de Gabinete do então secretário de Justiça Jeff Sessions, mais tarde demitido pelo presidente.

"Meus Deus, isso é terrível. Esse é o fim da minha presidência. Estou f...", teria dito o magnata. Em seguida, ele teria se irritado e criticado Sessions por sua decisão de se afastar do inquérito. "Como você deixou isso acontecer, Jeff?", teria questionado.

Ansa - Brasil   
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