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Trump diz que sauditas fizeram "pior acobertamento da história" no caso Khashoggi

23 out 2018 - 20h10
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que as autoridades sauditas fizeram o "pior acobertamento da história" no caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi este mês, e os EUA prometeram revogar os vistos de alguns supostos envolvidos no caso. 

Trump fala na Casa Branca
 23/10/2018   REUTERS/Leah Millis
Trump fala na Casa Branca 23/10/2018 REUTERS/Leah Millis
Foto: Reuters

Trump falou horas depois que o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, rechaçou os esforços dos sauditas para associar a morte de Khashoggi a assassinos dissidentes. Erdogan exigiu que Riad busque "de cima a baixo" para descobrir os que estão por trás da morte de Khashoggi no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro, um incidente que levou a uma comoção global e fragilizou as relações entre Riad e Washington. 

Perguntado por um repórter no Salão Oval da Casa Branca sobre como o assassinato de Khashoggi poderia ter acontecido, Trump disse: "Eles tinham um conceito original muito ruim. Foi feito de maneira precária, e o acobertamento é um dos piores na história dos acobertamentos". 

Khashoggi, um crítico ao príncipe da coroa saudita Mohammed bin Salman, era residente nos Estados Unidos e colunista do jornal Washington Post. 

Os comentários de Trump nos últimos dias já variaram entre ameaças à Arábia Saudita com consequências "muito severas" e menções a possíveis sanções econômicas, e observações mais conciliatórias ressaltando o papel do país como aliado dos EUA na luta contra o Irã e os militantes islâmicos, assim como um grande comprador de armamentos norte-americanos. 

Na terça-feira, Trump disse que a questão foi mal administrada por autoridades sauditas. "Um trato ruim, não deveriam nunca ter pensado nisso. Alguém realmente se atrapalhou. E eles tiveram o pior acobertamento da história", disse Trump. 

Trump não deu suas opiniões sobre quem seria o responsável. Mas o secretário de Estado Mike Pompeo disse que os Estados Unidos identificaram alguns dos oficiais de segurança e do governo saudita que acreditam estar envolvidos na morte de Khashoggi e que tomariam ações apropriadas, incluindo a revogação de vistos. 

Com o desdobramento da crise nas últimas três semanas, a Arábia Saudita mudou suas versões sobre Khashoggi. Riad inicialmente negou saber o destino do jornalista antes de dizer no último sábado que ele morreu após uma briga no consulado, uma versão recebida com ceticismo por diversos governos ocidentais, afetando suas relações com o principal exportador de petróleo do mundo.

A imprensa saudita disse no sábado que o rei Salman demitiu cinco oficiais depois do assassinato, conduzido por uma equipe de 15 homens. Entre os dispensados está Saud al-Qahtani, um importante assessor que fazia as redes sociais do príncipe Mohammed. De acordo com duas fontes de inteligência, Qahtani dirigiu o assassinato de Khashoggi dando ordens por Skype. 

O rei Salman, de 82 anos, passou adiante o comando do dia-a-dia da Arábia Saudita para o príncipe de 33 anos. 

PRESSÃO DE ERDOGAN  

Autoridades turcas suspeitam que Khashoggi foi morto e desmembrado dentro do consulado por agentes sauditas. Na terça-feira, Erdogan quase mencionou o príncipe da coroa que, segundo suspeitam alguns parlamentares norte-americanos, teria ordenado o assassinato. 

"O governo saudita tomou um passo importante ao admitir o assassinato. Daqui pra frente, esperamos que eles descubram todos os responsáveis por esse assunto de cima a baixo e que os faça enfrentar as punições necessárias", disse Erdogan em um discurso no Parlamento. 

"Da pessoa que deu a ordem, até a pessoa que a cumpriu, todos têm que ser responsabilizados", disse o presidente turco, acrescentando que os sauditas precisam "revelar quem são os responsáveis por essa questão de cima a baixo". 

Fontes turcas disseram que as autoridades possuem uma gravação de áudio que supostamente documenta o assassinato. Erdogan não fez referências à gravação. 

Uma reunião do gabinete saudita presidido pelo rei Salman disse que Riad responsabilizaria os culpados pelo assassinato e também os que não cumpriram seus deveres, sejam eles quem forem. 

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