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Trump anuncia saída de acordo nuclear com Irã

Presidente acusou o país persa de desenvolver bomba atômica

8 mai 2018 - 15h58
(atualizado às 16h53)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (8) a saída do país do acordo nuclear com o Irã, a quem acusa de ser o maior "financiador do terrorismo" e de continuar perseguindo o desenvolvimento de uma bomba atômica.

Donald Trump após assinar saída de acordo nuclear com o Irã.
Donald Trump após assinar saída de acordo nuclear com o Irã.
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Além disso, o magnata republicano assinou um memorando para restabelecer as sanções contra o regime iraniano. A medida já era aguardada desde a posse de Trump e chega após uma romaria de líderes europeus para tentar demovê-lo de romper o tratado.

"No coração do acordo com o Irã, há uma mentira gigantesca, que é a de que o programa nuclear tem fins pacíficos. Temos uma prova definitiva de que essa promessa é uma mentira e que mostra conclusivamente que o regime está perseguindo armas nucleares", declarou Trump, referindo-se a uma apresentação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Durante seu discurso na Casa Branca, o presidente acusou Teerã de ser o "principal patrocinador do terrorismo" e de apoiar milícias como Hezbollah, Hamas, Talibã e Al Qaeda. Estas duas últimas são sunitas, enquanto o Irã e um país xiita e inclusive combateu o grupo fundado por Osama bin Laden na guerra da Síria.

Segundo Trump, o acordo não impediu o Irã de continuar enriquecendo urânio acima dos limites para produção de energia. "Esse acordo desastroso deu a esse regime muitos bilhões de dólares e gerou um grande embaraço para mim e para os cidadãos dos EUA", acrescentou.

"O acordo nunca trouxe calma, nunca trouxe paz e nunca trará. Não podemos prevenir o Irã de ter uma bomba nuclear com as restrições do acordo. Se não fizermos nada, sabemos exatamente o que vai acontecer. Em um curto período de tempo, o Irã vai ter as armas mais poderosas", reforçou.

As sanções prometidas pelo presidente serão as de "mais alto nível", e ele ainda ameaçou outros países. "Todas as nações que ajudarem o Irã também podem ser duramente sancionadas pelos Estados Unidos", disse.

Promessa cumprida

A saída do acordo nuclear era uma promessa de campanha de Trump e atende aos interesses dos dois principais aliados dos EUA no Oriente Médio: a Arábia Saudita, liderada por uma rígida monarquia sunita e antagonista do Irã em conflitos na região; e Israel, cuja existência não é reconhecida pelo regime dos aiatolás.

"Apreciamos muito a decisão de Trump. Se continuasse em vigor, o Irã teria bombas nucleares dentro de alguns anos", comemorou Netanyahu, chamando a retirada de "corajosa e correta".

O "Plano de Ação Conjunta Global" (JCPOA, na sigla em inglês) foi assinado em 2015 e também envolveu Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia, além da União Europeia. Durante os últimos dias, o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o secretário britânico de Relações Exteriores, Boris Johnson, viajaram a Washington para tentar demover Trump, sem sucesso.

"França, Alemanha e Reino Unido lamentam a decisão americana de sair do acordo nuclear iraniano. Está em jogo o regime internacional de não-proliferação nuclear", escreveu Macron no Twitter. Já a alta representante da UE para Política Externa, a italiana Federica Mogherini, disse que o bloco está determinado a "preservar" o pacto.

"Ao povo iraniano, digo: não deixem que o desmantelem, é um dos maiores sucessos alcançados pela comunidade internacional", disse a chanceler europeia. "O acordo com o Irã deve ser mantido. Contribui para a segurança na região e freia a proliferação nuclear", criticou o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni.

O tratado prevê a eliminação dos bloqueios impostos à economia iraniana nos últimos anos. Em troca, o país persa se comprometeu a limitar suas atividades atômicas, incluindo a interrupção do enriquecimento de urânio na usina de Fordow e a redução de suas centrífugas, que passarão de 19 mil para 6,1 mil em 10 anos.

Além disso, Teerã aceitou permitir a realização de inspeções periódicas por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) em suas instalações.

Ansa - Brasil   
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