PUBLICIDADE

Mundo

Trem da discórdia: TAV cria racha no governo da Itália

Fontes em Roma já cogitam novas eleições em outubro

7 ago 2019 - 19h09
(atualizado às 19h12)
Compartilhar
Exibir comentários

A construção de uma linha de trem de alta velocidade (TAV) entre Turim, na Itália, e Lyon, na França revelou nesta quarta-feira (7) divisões que podem comprometer a continuidade do governo italiano. Os partidos Liga Norte, de Matteo Salvini, e Movimento 5 Estrelas (M5S), de Luigi di Maio, já vinham se estranhando em vários projetos de lei apresentados nos últimos meses e trocando críticas e alfinetadas em público. No entanto, na manhã de hoje, a crise se agravou. O M5S, que é contrário ao projeto de construção do TAV, defendido por Salvini, tentou apresentar uma moção de oposição à obra no Senado. Mas a moção foi rejeitada. E todas as outras moções, mesmo da oposição, foram aprovadas com o apoio da Liga. A Liga se viu obrigada a votar contra a moção do M5S, que tinha como objetivo frear o projeto do TAV devido aos impactos ambientais, e apoiar uma outra moção da oposição, favorável à obra. Durante toda a sessão no Senado, Salvini e Di Maio evitaram contato e não se cumprimentaram. "A sessão demonstrou de maneira absolutamente evidente que o governo não tem mais maioria", disse uma nota do secretário nacional do Partido Democrático (PD), Nicola Zingaretti, da oposição. "A Itália precisa de empregos, desenvolvimento, investimentos e de um governo que se dedique a isso, e não às brincadeiras de Salvini e Di Maio contra os italianos", criticou o PD.

Fontes em Roma já cogitam novas eleições em outubro
Fontes em Roma já cogitam novas eleições em outubro
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

    O governo italiano foi formado em junho de 2018 graças a um pacto entre o M5S e a Liga Norte. Apesar de terem posições políticas diferentes, as duas legendas, que foram as mais votadas nas últimas eleições, decidiram se unir e apoiar a nomeação do primeiro-ministro Giuseppe Conte.

    Com a possibilidade dessa aliança ter se rompido, a oposição começou a exigir nesta quarta-feira que Conte se reúna com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, para colocar o chefe de Estado a par da situação. Vozes dentro do governo já cogitam a realização de novas eleições em outubro. Salvini, que é vice-premier e ministro do Interior da Itália, cancelou sua agenda de hoje e amanhã em outras cidades para lidar com a crise em Roma. E Di Maio parece não se arrepender da decisão do M5S no Senado.

    "Quaisquer que sejam as consequências, estamos orgulhosos pelo nosso 'não' a uma obra como a de Turim-Lyon. Uma obra velha, de 30 anos atrás, sem futuro. Uma obra que somente Bruxelas e [o presidente da França, Emmanuel] Macron querem", disse Di Maio.

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade