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Socialistas da Bolívia selam vitória de retorno após ano tumultuado

19 out 2020 - 16h59
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Os socialistas da Bolívia praticamente selaram um retorno eleitoral dramático depois que o rival de centro Carlos Mesa reconheceu a derrota na segunda-feira, com várias contagens não oficiais dando ao partido do líder deposto Evo Morales uma vantagem inalcançável de 20 pontos percentuais.

Candidato a presidente, Luis Arce, do MAS, e seu companheiro de chapa, David Choquehuanca (de máscara facil), reagem após pronunciamento à mídia, em La Paz
19/10/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Candidato a presidente, Luis Arce, do MAS, e seu companheiro de chapa, David Choquehuanca (de máscara facil), reagem após pronunciamento à mídia, em La Paz 19/10/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A vitória, ainda a ser confirmada pela contagem oficial, levará o partido de Morales, de esquerda, de volta ao poder um ano depois de ele ter sido forçado a renunciar após uma eleição contestada que gerou protestos e violência generalizados.

O candidato do partido socialista MAS, Luis Arce, 57, obteve mais de 50% dos votos, mostraram contagens rápidas, com Mesa com cerca de 30%, uma diferença muito maior do que as pesquisas previram.

"O resultado da contagem rápida é muito forte e muito claro", disse Mesa em uma entrevista coletiva após o partido socialista ter alegado vitória nas primeiras horas da manhã.

"A diferença entre o primeiro candidato e o (nosso) partido Comunidad Ciudadana é grande e cabe a nós, aqueles de nós que acreditam na democracia, reconhecer que houve um vencedor nesta eleição."

A equipe de Arce disse na segunda-feira que os resultados iniciais pareciam "difíceis de mudar", mas que o ex-ministro das Finanças durante os quase 14 anos de governo socialista de Morales só faria uma declaração quando os resultados oficiais estivessem completos.

Esse processo pode demorar vários dias. A contagem oficial na tarde de segunda-feira havia somado cerca de um quarto dos votos, mostrando Mesa ligeiramente à frente, mas com a ampla expectativa de que a situação vá revertendo gradualmente conforme mais votos forem contados de redutos do MAS.

O resultado é um duro golpe para os conservadores da Bolívia, que esperavam apresentar um novo modelo para o país depois de Morales, que buscou um quarto mandato sem precedentes no ano passado, apesar dos limites de mandatos, o que levou a protestos contra ele.

Arce, um aliado próximo de Morales, pode apresentar uma postura mais moderada e tecnocrática do que seu ex-chefe, que supervisionou o crescimento estável e elevou grupos indígenas, mas recebeu críticas por ter um lado autoritário e tentar manter o poder por muito tempo.

"Este pode ser o início de uma nova era para o partido MAS, substituindo Evo", disse Franklin Pareja, analista político.

A vitória também pode significar o retorno de Morales do exílio na Argentina, onde vive desde que fugiu do país após sua renúncia no ano passado, quando afirmou que havia ocorrido um golpe de direita contra ele.

Em entrevista coletiva na segunda-feira, Morales indicou que pretendia voltar à Bolívia, embora Arce tenha advertido que ele teria que lidar com investigações pendentes do Departamento de Justiça antes de retornar a um papel no governo.

Morales foi um dos líderes mais longevos da chamada "onda rosa" de governos de esquerda da América Latina, que recebeu aplausos por seu apoio aos grupos indígenas.

Arce, um economista que estudou na Universidade de Warwick, na Inglaterra, atraiu o apoio de esquerdistas de toda a região, incluindo México, Argentina, Cuba e Venezuela.

"Celebramos que um sério conflito foi resolvido por meios pacíficos e democráticos", tuitou o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.

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