Só milagres podem fazer conversas do Brexit avançarem até outubro, diz UE ao Reino Unido
Só "milagres" podem fazer as conversas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, avançarem o suficiente para atenderem as esperanças britânicas de iniciar no mês que vem as discussões sobre seus laços futuros com o bloco, disse o chefe da Comissão Europeia nesta sexta-feira.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, esperava aproveitar uma reunião informal em Tallinn, capital da Estônia, para criar o que descreveu como uma boa vontade renovada com o Brexit para levar as conversas além dos termos da separação, agora a 18 meses de distância.
O Reino Unido almejava obter um avanço em uma cúpula agendada para os dias 19 e 20 de outubro em Bruxelas. As conversas sobre o Brexit durarão dois anos, e os britânicos correm o risco de sair do bloco em 19 de março de 2019 sem um acordo sobre os termos da futura relação comercial bilateral.
Mas Jean-Claude Juncker, presidente do executivo da UE e desafeto antigo da imprensa eurocética britânica, disse que a primeira etapa das conversas sobre os direitos dos expatriados, a fronteira com a Irlanda e o acerto financeiro a ser feito quando o Reino Unido deixar o bloco não progrediram o bastante.
"Até o final de outubro não teremos progresso suficiente", disse Juncker aos repórteres em Tallinn um dia depois de seu principal negociador encerrar a rodada mais recente de discussões sobre o Brexit.
"No final desta semana, estou dizendo que não haverá progresso suficiente de agora até outubro, a menos que milagres aconteçam."
Suas palavras foram ecoadas por outros líderes - o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, também disse que os dois lados precisariam de "um pequeno milagre" para obter o progresso necessário antes da cúpula do mês que vem, e o líder irlandês, Leo Varadkar, disse que "ainda é muito evidente que há mais trabalho a ser feito".
Estes posicionamentos serão um golpe para May, que quer passar rapidamente para a discussão do relacionamento comercial futuro e de um período de transição -parte do acordo que o Reino Unido diz ser necessário antes que se decida qualquer acerto financeiro.
Em Tallinn, May se esquivou ao ser indagada se acredita no cumprimento do prazo de outubro.