Senado da Itália cobra cidadania para pesquisador egípcio preso
Patrick Zaki é estudante da Universidade de Bolonha
O Senado da Itália aprovou nesta terça-feira (14) uma moção que pede para o governo conceder cidadania ao pesquisador egípcio Patrick Zaki, estudante da Universidade de Bolonha que está preso em seu país de origem há mais de um ano.
O texto foi aprovado por um placar de 208 a zero, além de 33 abstenções, a maioria delas de senadores do partido de ultradireita Irmãos da Itália (FdI). A moção ainda pede para governo monitorar as audiências e as condições prisionais de Zaki e acionar as autoridades do Egito para obter a libertação do pesquisador.
O estudante foi preso em 8 de fevereiro de 2020, após voltar ao Egito para um período de férias, sob a acusação de "propaganda subversiva". Além da Universidade de Bolonha, uma das mais prestigiosas da Itália, Zaki é pesquisador da Egyptian Initiative for Personal Rights (EIPR), organização egípcia de defesa dos direitos humanos.
Ele é acusado de publicar "notícias falsas" para "perturbar a paz social" e de ter "incitado protestos contra as autoridades públicas". "A cidadania honorária a Patrick Zaki não é apenas um fato simbólico, mas também um instrumento para dar mais força às instituições italianas ao pedir sua libertação", disse a senadora de centro-esquerda Laura Garavini.
Até a senadora vitalícia Liliana Segre, de 90 anos, que raramente participa das votações na Câmara Alta, marcou presença nesta quarta-feira. "Existe algo na história de Zaki que me pega de modo particular, que é o fato de que ele é um inocente preso. Eu senti isso e estarei sempre presente quando se fala de liberdade", declarou Segre, sobrevivente de Auschwitz.
O caso ganhou bastante destaque na Itália também por remeter à morte de Giulio Regeni, pesquisador italiano sequestrado, torturado e assassinado no Cairo em janeiro de 2016. Regeni frequentava sindicatos clandestinos e contrários ao regime do presidente Abdel Fattah al-Sisi, o que levantou a hipótese de crime político.
Em janeiro passado, o Ministério Público de Roma denunciou quatro agentes dos serviços secretos do Egito pela morte do pesquisador.