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'Sardinhas' programam novos atos contra Salvini

Grupo quer evitar que a Liga vença eleição em feudo da esquerda

19 nov 2019 - 18h35
(atualizado às 18h41)
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Após reunir 20 mil pessoas em Bolonha e Modena, o movimento das "sardinhas" já programa novas manifestações contra o ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini.

A mobilização surgiu na semana passada, como um flash mob para evitar que o líder do partido de extrema direita Liga consiga eleger sua candidata a governadora da Emilia-Romagna, um histórico feudo da esquerda italiana, nas eleições de 26 de janeiro.

Os próximos atos estão programados para Reggio nell'Emilia e Rimini, nos dias 23 e 24 de novembro, respectivamente. Em Rimini, o flash mob acontecerá paralelamente a um comício de Salvini com sua candidata, Lucia Borgonzoni, assim como já ocorreu na capital Bolonha e em Modena.

"Percebemos uma vontade de sair às ruas de nossa cidade. Isso era algo que faltava havia tempo', disse à ANSA Stefano Salsi, um dos organizadores da manifestação em Reggio nell'Emilia. "O objetivo é sermos muitos, espremidos como sardinhas", acrescentou.

Braços do movimento também já surgiram em Roma e na Puglia, mas seu coração está na Emilia-Romagna, que é governada pela esquerda desde sua instituição, em 1970, e agora está na mira da Liga.

O primeiro flash mob, realizado em Bolonha, pretendia atrair "6 mil sardinhas contra Salvini", mas reuniu 13 mil. Já o de Modena teve 7 mil pessoas, apesar da chuva. Os organizadores pediram que os participantes não levassem bandeiras de partidos, apenas cartazes representando sardinhas.

"Gosto desses garotos, dão valor e importância à minha presença. Das próximas vezes, proponho que eu vá cumprimentá-los e agradecê-los. Isso quer dizer que minha presença não passa despercebida", ironizou Salvini.

Avanço

Mesmo fora do poder, o ex-ministro segue com a popularidade em alta e, no fim de outubro, alcançou uma vitória avassaladora nas eleições regionais na Úmbria, outro antigo bastião da esquerda italiana.

Desde as eleições legislativas de 4 de março de 2018, quando Salvini assumiu a liderança da coalizão de direita com o moderado Força Itália (FI) e o extremista Irmãos da Itália (FdI), a aliança vem colecionando triunfos nas urnas.

De lá para cá, sete regiões governadas pelo Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda no país, realizaram eleições, e a coalizão conservadora venceu em todas.

A Emilia-Romagna é um dos últimos bastiões "vermelhos" ainda de pé, assim como as vizinhas Toscana e Marcas. O atual governador Stefano Bonaccini (PD) é favorito à reeleição, mas a popularidade de Salvini, especialmente nas áreas rurais da região, pode levar Borgonzoni à vitória.

Investigação

Em meio à mobilização da esquerda contra ele, o ex-ministro virou alvo de um inquérito por suspeita de sequestro e prevaricação.

O caso diz respeito à decisão de Salvini de impedir o acolhimento de 164 migrantes resgatados pela ONG espanhola ProActiva Open Arms no Mediterrâneo, em agosto passado. O navio ficou 20 dias estacionado em frente à ilha de Lampedusa, até que o Ministério Público ordenasse o desembarque de urgência dos deslocados.

Salvini já foi investigado por casos semelhantes, mas as denúncias nunca chegaram a virar processo. Em uma delas, quando o líder da Liga ainda era ministro, a acusação foi engavetada pelo Senado, já que ele tem foro privilegiado e também ocupa uma cadeira na Câmara Alta.

"Será que a Procuradoria não tem coisa mais séria para se preocupar? Fiz aquilo que os italianos me pediam para fazer, defendi as fronteiras e estou começando a ficar cheio", disse Salvini.

Ansa - Brasil   
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