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'Sardinhas' invadem Milão, terra natal de Salvini

Movimento realizou flash mob contra o ministro na cidade

2 dez 2019 - 12h45
(atualizado às 14h12)
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O movimento das "sardinhas", iniciativa apartidária criada para tentar frear a ascensão de Matteo Salvini na Itália, levou uma multidão às ruas de Milão, cidade natal do ex-ministro do Interior e onde ele construiu sua carreira política.

Segundo os organizadores, o ato do último domingo (1º) reuniu 25 mil pessoas na Praça do Domo e contou com presenças ilustres, como o jornalista e repórter Roberto Saviano.

"Não há ninguém por trás de nós, apesar de muitos tentarem nos dividir, mas nós estaremos cada vez mais nas ruas", disse Mattia Sartori, um dos fundadores das Sardinhas, em seu discurso no comício.

"Precisamos dialogar com a política, mas não com quem desintegrou o tecido social por um punhado de votos. Chega de instrumentalizar os desfavorecidos em troca de votos, chega de fazer política sobre a pele dos mais frágeis", acrescentou.

Já Saviano, que vive sob escolta por causa de suas denúncias contra a máfia Camorra, afirmou que as Sardinhas impedem a "erosão da democracia". "Esse ato é belíssimo porque não tem nenhum líder. A grandeza dessa praça é que há muitos jovens, muitas pessoas de diversas gerações que se encontram, que querem iniciar um novo caminho", declarou.

No mesmo dia, o movimento conseguiu mobilizar milhares de pessoas em Taranto, no extremo-sul da Itália, e em Pádua, no norte. Salvini, por sua vez, manteve o tom de ironia ao comentar os protestos. "Espero que sejam cada vez mais e em todos os lugares, porque me dão alegria", disse o ex-ministro no domingo.

A mobilização das "Sardinhas" surgiu em meados de novembro, como um flash mob contra a campanha de Salvini para eleger sua candidata a governadora da Emilia-Romagna, um histórico feudo da esquerda italiana, nas eleições regionais de 26 de janeiro.

O primeiro protesto, realizado em Bolonha, pretendia atrair "6 mil sardinhas contra Salvini", mas reuniu 13 mil. Já o segundo, em Modena, teve 7 mil pessoas. Desde então, o movimento se espalhou por regiões de norte a sul do país, lotando praças e ruas com manifestantes "espremidos como sardinhas".

Avanço

Mesmo fora do poder, o ex-ministro segue com a popularidade em alta e, no fim de outubro, alcançou uma vitória avassaladora nas eleições regionais na Úmbria, outro antigo bastião da esquerda.

Desde as eleições legislativas de 4 de março de 2018, quando Salvini assumiu a liderança da coalizão de direita com o moderado Força Itália (FI) e o extremista Irmãos da Itália (FdI), a aliança vem colecionando triunfos nas urnas.

De lá para cá, sete regiões governadas pelo Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda no país, tiveram eleições, e a coalizão conservadora venceu em todas. A Emilia-Romagna é um dos últimos bastiões "vermelhos" ainda de pé, assim como as vizinhas Toscana e Marcas.

O atual governador Stefano Bonaccini (PD) é favorito à reeleição, mas a popularidade de Salvini, especialmente nas áreas rurais da região, pode levar sua candidata, Lucia Borgonzoni, à vitória.

Ansa - Brasil   
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