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Salvini dá ultimato para governo aprovar autonomia regional

Regiões da Itália pedem mais liberdade para gerir seus recursos

22 jul 2019 - 12h49
(atualizado às 12h59)
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O ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, insinuou neste domingo (21) que pode derrubar o governo se não for aprovado um projeto para aumentar a autonomia administrativa e fiscal das regiões do país.

O secretário da Liga e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini
O secretário da Liga e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A medida é uma bandeira do partido ultranacionalista Liga, que nasceu para lutar pela independência da Padania, planície rica e industrializada situada no norte da Itália, mas enfrenta resistência do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que teme o aumento do abismo em relação ao empobrecido "Mezzogiorno", como é chamado o sul italiano.

"Estamos no governo para fazer coisas importantes. Se não conseguirmos, seguiremos sozinhos, mas não vamos parar. Não aceitamos um 'não', o governo passa pelas autonomias. Já esperamos muito", disse Salvini.

Em outubro de 2017, duas regiões governadas pela Liga, Vêneto e Lombardia, realizaram plebiscitos para pedir mais autonomia. Na ocasião, 98% e 96% dos eleitores, respectivamente, apoiaram a causa. Mais tarde, a Emília-Romana, comandada pela centro-esquerda, se juntou ao pleito, e as três regiões abriram negociações com o governo italiano.

Outras regiões, como Toscana, Lazio e Piemonte, também demonstraram intenção de ampliar sua autonomia. "As vantagens da autonomia são a eficiência e a responsabilidade, além de premiar a virtuosidade, mas não criaremos um país de série A e um de série B", garantiu nesta segunda (22) o governador do Vêneto, Luca Zaia.

"Não pedimos um euro a mais. Pedimos que o Estado central nos transfira certas competências", reforçou o governador da Lombardia, Attilio Fontana. A Constituição da Itália permite que regiões com as contas em ordem peçam maiores competências do que as previstas habitualmente, como a gestão do sistema de ensino, que é responsabilidade do Ministério da Educação.

Essas concessões, no entanto, precisam ser aprovadas pelo Parlamento - outras cinco regiões, Friuli Veneza Giulia, Sardenha, Sicília, Trentino-Alto Ádige e Vale de Aosta, já contam com mais autonomia que as 15 restantes.

Contraponto

Embora publicamente se declare a favor da autonomia regional, o M5S é acusado pela Liga de travar a tramitação da proposta.

Expoentes do partido temem que dar mais liberdade para as regiões ricas administrarem seus recursos reduza as cifras à disposição do governo nacional para ajudar aquelas que são mais pobres, ou seja, as do sul da Itália, onde está o grosso do eleitorado do M5S.

"Não ficarei mais nem um minuto no governo com quem só diz 'não'. Qualquer decisão que eu tomar, farei por meus filhos", disse Salvini durante um comício no último domingo. Já o primeiro-ministro Giuseppe Conte escreveu uma carta aberta aos cidadãos do Vêneto e da Lombardia afirmando que seu governo está trabalhando em uma "autonomia diferenciada".

"É uma reforma que fará bem à Itália inteira", prometeu.

Ansa - Brasil   
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