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Rivais se reúnem na Itália para discutir crise líbia

Fayez al Sarraj e Khalifa Haftar protagonizam disputa no país

13 nov 2018 - 08h59
(atualizado às 16h09)
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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, mediou nesta terça-feira (13), em Palermo, uma reunião entre o primeiro-ministro de união nacional da Líbia, Fayez al Sarraj, e seu principal rival na disputa por poder no país africano, general Khalifa Haftar.

Giuseppe Conte (centro) com Fayez al Sarraj (esquerda) e Khalifa Haftar (direita)
Giuseppe Conte (centro) com Fayez al Sarraj (esquerda) e Khalifa Haftar (direita)
Foto: EPA / Ansa - Brasil

O encontro acontece no segundo dia da conferência internacional convocada por Roma para debater a crise na Líbia, cuja fragmentação na era pós-Kadafi abriu espaço para a infiltração de terroristas e dos traficantes de seres humanos que fazem as "viagens da morte" no Mediterrâneo.

Sarraj e Haftar apertaram as mãos e trocaram beijos no rosto no começo da reunião, após o general ter ameaçado boicotar a conferência. O evento também conta com as presenças do primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, dos presidentes do Egito, Abdel Fattah al Sisi, da Tunísia, Beji Cais Essebsi, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, do primeiro-ministro da Argélia, Ahmed Ouyahia, e do ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian.

Segundo um porta-voz de Haftar, no entanto, o general não está na Itália para participar da conferência de Palermo, mas sim para "uma série de encontros com líderes de países vizinhos".

Baseado em Trípoli, Sarraj lidera o governo reconhecido internacionalmente e pelas Nações Unidas (ONU). Haftar, por sua vez, comanda o leste da Líbia e o conjunto de milícias Exército Nacional Líbio, principal força armada do país, com apoio do Egito e dos Emirados Árabes.

O objetivo da Itália é fazer os dois líderes se comprometerem com a reunificação da Líbia. Em 2017, o presidente da França, Emmanuel Macron, já havia conseguido reunir Haftar e Sarraj em Paris, onde os dois chegaram a um acordo para realizar eleições no fim de 2018, mas o processo não avançou.

Fragmentação

Haftar é um dos principais personagens da Líbia pós-Kadafi e controla territórios no leste do país, tendo como "capital" a cidade de Tobruk. O general não reconhece o governo de união nacional chefiado por Sarraj.

Ele lidera as forças contrárias ao Islã político e tem diversos poços de petróleo sob seu controle. Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o futuro ditador a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o coronel em 1987, após ter sido capturado no Chade.

De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania norte-americana.

O cenário de fragmentação na Líbia permitiu a ascensão de milícias e traficantes de seres humanos, que assumiram o controle do litoral para realizar viagens clandestinas de migrantes no Mediterrâneo. Para a Itália, a única maneira de solucionar a crise migratória de forma definitiva é restabelecer a unidade do país africano.

"Sempre estivemos em estado de guerra, e o país precisa controlar suas próprias fronteiras. Temos fronteiras com Tunísia, Argélia, Níger, Chade, Sudão e Egito, e a migração ilegal vem de todas as partes", disse Haftar.

Ansa - Brasil   
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