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Renzi renuncia ao comando do PD e descarta acordo com M5S

No entanto, ele ficará no cargo até a posse do novo governo

5 mar 2018 - 15h33
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O secretário nacional do Partido Democrático (PD), Matteo Renzi, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (5) e negou a possibilidade de fazer uma coalizão com o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) na Itália.

    Maior derrotado das eleições do último domingo (4), Renzi afirmou que o resultado das urnas "impõe a abertura de uma nova página dentro do PD", principal legenda de centro-esquerda no país. "É óbvio que eu deva deixar o comando do Partido Democrático", disse.

    No entanto, segundo o ex-primeiro-ministro, ele permanecerá no cargo até a posse da legislatura eleita e do novo governo, ou seja, continuará no comando do partido durante todo o período de negociações para a formação de um gabinete na Itália.

    A postura de Renzi é uma tática para evitar que o PD feche um acordo para apoiar um eventual governo do Movimento 5 Estrelas, partido mais votado pelos italianos, com 32%. "Não faremos acordos. Me sinto responsável por um compromisso político e cultural. Eu disse na campanha que não faria governo com os extremistas. Não mudamos de ideia, não estávamos brincando", acrescentou.

    Renzi pedirá para o presidente do PD, Matteo Orfini, convocar a assembleia da legenda e iniciar os procedimentos para a realização de seu congresso, quando será escolhido seu novo secretário nacional. O ex-premier deixou implícito que não concorrerá ao cargo.

    "Terminada a posse do governo, farei um trabalho que me fascina.

    Serei um simples senador", declarou Renzi, eleito ao Senado por Florença com quase 44% dos votos. Em âmbito nacional, o PD alcançou apenas 19% da preferência, pior resultado de sua história.

    A legenda governou a Itália nos últimos cinco anos, primeiro com Enrico Letta, depois com Renzi e por último com Paolo Gentiloni, mas foi atingida em cheio pela onda antipolítica que cobre a Europa Ocidental.

    Fragmentação - Apesar da vitória individual do M5S e do triunfo em grupo da coalizão da direita, que teve quase 40% dos votos, ninguém deve ter maioria para formar um novo governo. Para Renzi, isso é resultado direto da rejeição de sua reforma constitucional pelos italianos em dezembro de 2016, que previa a redução do Senado e um "prêmio de maioria" para garantir a governabilidade ao vencedor.

    "Quem venceu politicamente as eleições não tem os números para governar, e quem é intelectualmente honesto deve reconhecer que isso nasce do episódio referendário de um ano e meio atrás", ressaltou Renzi, que renunciara ao cargo de primeiro-ministro por causa de sua derrota na consulta popular.

    O ex-premier também mandou um recado indireto ao presidente Sergio Mattarella, que se recusara a convocar eleições antecipadas em 2017, como queria o líder do PD. "O erro principal foi não entender que se precisava votar em uma das duas janelas de 2017 nas quais poderia ter sido imposta uma agenda europeia: as eleições francesas [maio] e alemãs [setembro]. Não aproveitamos essas oportunidades", destacou.

    Resistência - A decisão de Renzi de renunciar, mas liderar o partido durante a fase de negociações para o novo governo, não foi bem recebida dentro do partido, o mais heterogêneo da Itália e que abriga variadas correntes internas.

    "A decisão de Renzi de se demitir e, ao mesmo tempo, adiar a demissão, não é compreensível. Serve apenas para ganhar tempo.

    As renúncias de um líder são coisa séria. Quando se decide, é sem manobras", declarou o líder do PD no Senado, Luigi Zanda, expoente da "Area Dem", uma das maiores alas dentro do partido.

    Há quem defenda que o PD não deva ser intransigente nas negociações com o M5S, como prega Renzi.

Ansa - Brasil   
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