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Renúncia de ministro ameaça derrubar Merkel na Alemanha

Ministro do Interior, do partido que sustenta coalizão de chanceler alemã, decide deixar cargo por considerar política migratória branda

2 jul 2018 - 08h32
(atualizado às 08h49)
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O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, ofereceu neste domingo em Munique sua renúncia ao cargo e também à liderança da União Social-Cristã (CSU), da Bavária, em reunião com seus correligionários. Chefe do grupo político que é um dos pilares da coalizão da chanceler Angela Merkel, ele está insatisfeito com o resultado de uma cúpula europeia sobre refugiados promovida na semana passada.

Diferenças entre o líderes da CSU e da União Democrata-Cristã (CDU), partido de Merkel, sobre o tratamento de refugiados na fronteira alemã causaram uma crise interna que pode levar ao fim do quarto governo da chanceler
Diferenças entre o líderes da CSU e da União Democrata-Cristã (CDU), partido de Merkel, sobre o tratamento de refugiados na fronteira alemã causaram uma crise interna que pode levar ao fim do quarto governo da chanceler
Foto: Hannibal Hanschke / Reuters

Integrantes da CSU, a ala mais conservadora da família política de Merkel, ainda tentavam dissuadir Seehofer, crítico dos resultados obtidos por ela na cúpula da União Europeia. As diferenças entre o líderes da CSU e da União Democrata-Cristã (CDU), partido de Merkel, sobre o tratamento de refugiados na fronteira alemã causaram uma crise interna que pode levar ao fim do quarto governo da chanceler.

No encontro da União Europeia realizado em Bruxelas, os 28 países acertaram que os refugiados resgatados no mar em águas europeias passarão por centros de triagem na Europa. Os que forem encontrados em águas internacionais serão devolvidos aos países de origem. Está em análise a construção de outros pontos de controle no norte da África, proposta rejeitada pelo terceiro parceiro de coalizão, o Partido Social-Democrata (SPD).

Também ficou combinado que a Alemanha devolveria imigrantes que já tivessem o pedido de refúgio em outros países europeus. Merkel acertou com a Espanha e a Grécia apressar as devoluções de requerentes de refúgio que tenham sido registrados nesses dois países e afirmou ter assegurado compromisso semelhante de outros 14 países. Seehofer sustentava que as medidas dos líderes europeus não teriam o efeito defendido por ele para impedir a chegada de requerentes de refúgio à Alemanha.

Depois de uma vitória decepcionante nas eleições legislativas de 24 de setembro e de um avanço histórico da extrema direita, Merkel fez em outubro uma grande concessão política à CSU. Ela concordou então em estabelecer um limite para a entrada de demandantes de asilo a 200 mil por ano.

Figura de proa do partido na região da Baviera, a mais industrializada da Alemanha, Seehofer enfrentará eleições regionais no segundo semestre e teme perder a hegemonia de 61 anos para o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A preocupação faz sentido porque a CSU registrou, em 2017, seu pior desempenho em décadas, reunindo 38% dos votos na Baviera, contra 10% dos radicais do AfD. Para tentar conter o avanço dos populistas, a estratégia do líder da CSU vem sendo radicalizar seu discurso sobre imigração.

No início de junho, Seehofer propôs a criação de uma aliança internacional contra a imigração aos governos da Itália e da Áustria - ambos nas mãos de partidos populistas. A estratégia é pressionar a chanceler a adotar um "limite máximo" no acolhimento de refugiados.

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