Relatório diz que pilotos de avião que caiu na Etiópia tiveram problemas com controles
Os pilotos de um avião da Ethiopian Airlines que caiu na Etiópia em março lutaram com os controles para manter a aeronave no ar, mas o jato da Boeing acabou caindo depois que a energia para um sistema computadorizado foi restaurada, o que fez o nariz do avião apontar para baixo por causa de dados gerados por um sensor defeituoso, revelou um relatório preliminar do acidente divulgado nesta quinta-feira.
O Boeing 737 MAX atingiu uma velocidade de cerca de 800 quilômetros por hora, muito acima de seus limites operacionais, antes dos gravadores de dados de voo terem parado quando o avião caiu em 10 de março, matando todas 157 pessoas a bordo.
"A maior parte dos destroços foi encontrada enterrada", afirma o relatório do Escritório de Investigação de Acidentes de Aeronaves da Etiópia.
O voo condenado caiu seis minutos após a decolagem de Adis Abeba.
A aeronave mais vendida da Boeing está suspensa em todo o mundo desde o desastre, ocorrido cinco meses após um acidente com um 737 MAX da Lion Air na Indonésia que matou 189 pessoas. Um relatório sobre essa queda também provocou dúvidas sobre o avião, além de questões sobre treinamento de equipes e procedimentos de manutenção da aeronave.
A Etiópia pediu para a Boeing analisar sua tecnologia de controle de voo e disse que os pilotos da empresa aérea estatal seguiram os devidos procedimentos nas primeiras conclusões publicadas sobre o desastre.
"A tripulação realizou repetidamente todos os procedimentos orientados pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave", disse Dagmawit Moges a jornalistas, após a divulgação do relatório preliminar.
A Boeing, cujas ações subiram 2,9 por cento nesta quinta-feira, mas ainda estão bem abaixo do nível pré-acidente, disse que a solução de software criada para o sistema antiestol dará aos pilotos a autoridade de sempre anular o sistema se ele for ativado por dados imprecisos de um sensor.
Familiares das vítimas, agências reguladoras e viajantes de todo o globo estão esperando para saber se as duas quedas estão relacionadas.
Os investigadores etíopes não culparam ninguém pela queda. Um relatório final é esperado dentro de um ano. Mas, em um sinal claro sobre para onde estão direcionando a atenção de agências reguladoras, afirmaram que os pilotos tomaram as ações corretas e emitiram duas recomendações de segurança para a aeronave.
Eles sugeriram que a Boeing revise o sistema de controle de manobrabilidade do 737 MAX e que as autoridades aeroviárias confirmem se o problema foi resolvido antes de permitirem que o avião volte a voar.
"Como foram observadas condições de mergulho de nariz involuntárias e repetitivas... recomenda-se que o sistema de controle da aeronave seja revisado pelo fabricante", disse Dagmawit.
Os comandos para o avião apontar para baixo foram executados pelo software MCAS, da Boeing. O relatório preliminar da queda do jato da Lion Air sugeriu que os pilotos perderam controle do jato depois de terem problemas com o sistema.
A agência norte-americana de aviação (FAA), que ficou sob críticas sobre a forma como decidiu certificar o MAX e o MCAS, alertou que a investigação ainda não foi concluída.
"Continuamos a trabalhar em direção a um completo entendimento de todos os aspectos deste acidente. Conforme soubermos mais sobre o acidente e fatos ficarem disponíveis, vamos tomar as medidas apropriadas", disse a FAA.