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Relatório diz que pilotos de avião que caiu na Etiópia tiveram problemas com controles

4 abr 2019 - 16h48
(atualizado às 18h42)
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Os pilotos de um avião da Ethiopian Airlines que caiu na Etiópia em março lutaram com os controles para manter a aeronave no ar, mas o jato da Boeing acabou caindo depois que a energia para um sistema computadorizado foi restaurada, o que fez o nariz do avião apontar para baixo por causa de dados gerados por um sensor defeituoso, revelou um relatório preliminar do acidente divulgado nesta quinta-feira.

Homens chegam com caixas pretas do Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines em Le Bourget
14/03/2019
REUTERS/Philippe Wojazer
Homens chegam com caixas pretas do Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines em Le Bourget 14/03/2019 REUTERS/Philippe Wojazer
Foto: Reuters

O Boeing 737 MAX atingiu uma velocidade de cerca de 800 quilômetros por hora, muito acima de seus limites operacionais, antes dos gravadores de dados de voo terem parado quando o avião caiu em 10 de março, matando todas 157 pessoas a bordo.

    "A maior parte dos destroços foi encontrada enterrada", afirma o relatório do Escritório de Investigação de Acidentes de Aeronaves da Etiópia.

    O voo condenado caiu seis minutos após a decolagem de Adis Abeba.

    A aeronave mais vendida da Boeing está suspensa em todo o mundo desde o desastre, ocorrido cinco meses após um acidente com um 737 MAX da Lion Air na Indonésia que matou 189 pessoas. Um relatório sobre essa queda também provocou dúvidas sobre o avião, além de questões sobre treinamento de equipes e procedimentos de manutenção da aeronave.

    A Etiópia pediu para a Boeing analisar sua tecnologia de controle de voo e disse que os pilotos da empresa aérea estatal seguiram os devidos procedimentos nas primeiras conclusões publicadas sobre o desastre.

    "A tripulação realizou repetidamente todos os procedimentos orientados pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave", disse Dagmawit Moges a jornalistas, após a divulgação do relatório preliminar.

    A Boeing, cujas ações subiram 2,9 por cento nesta quinta-feira, mas ainda estão bem abaixo do nível pré-acidente, disse que a solução de software criada para o sistema antiestol dará aos pilotos a autoridade de sempre anular o sistema se ele for ativado por dados imprecisos de um sensor.

    Familiares das vítimas, agências reguladoras e viajantes de todo o globo estão esperando para saber se as duas quedas estão relacionadas.

    Os investigadores etíopes não culparam ninguém pela queda. Um relatório final é esperado dentro de um ano. Mas, em um sinal claro sobre para onde estão direcionando a atenção de agências reguladoras, afirmaram que os pilotos tomaram as ações corretas e emitiram duas recomendações de segurança para a aeronave.

    Eles sugeriram que a Boeing revise o sistema de controle de manobrabilidade do 737 MAX e que as autoridades aeroviárias confirmem se o problema foi resolvido antes de permitirem que o avião volte a voar.

    "Como foram observadas condições de mergulho de nariz involuntárias e repetitivas... recomenda-se que o sistema de controle da aeronave seja revisado pelo fabricante", disse Dagmawit.

Os comandos para o avião apontar para baixo foram executados pelo software MCAS, da Boeing. O relatório preliminar da queda do jato da Lion Air sugeriu que os pilotos perderam controle do jato depois de terem problemas com o sistema.

A agência norte-americana de aviação (FAA), que ficou sob críticas sobre a forma como decidiu certificar o MAX e o MCAS, alertou que a investigação ainda não foi concluída.

"Continuamos a trabalhar em direção a um completo entendimento de todos os aspectos deste acidente. Conforme soubermos mais sobre o acidente e fatos ficarem disponíveis, vamos tomar as medidas apropriadas", disse a FAA.

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