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Mundo

Refugiada que passou 2 dias no mar processará Itália e Líbia

Josefa foi achada ao lado de dois corpos no Mediterrâneo

21 jul 2018 - 10h57
(atualizado às 12h27)
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A camaronesa Josefa, que permaneceu dois dias à deriva no Mar Mediterrâneo após o naufrágio de um barco de deslocados externos, denunciará a Itália e a Líbia na Justiça espanhola.

Josefa foi resgatada no início da semana por um navio da ONG ProActiva Open Arms, proibida de atracar em portos italianos, e chegou neste sábado (21) em Palma de Maiorca, na Espanha.

Segundo a entidade, a Guarda Costeira da Líbia interceptou uma embarcação com 158 pessoas no Mediterrâneo, mas a afundou após duas mulheres - incluindo Josefa - e um menino terem se recusado a subir nos barcos de patrulha.

Ao lado da camaronesa, que passara dois dias sobre os destroços da embarcação para não morrer afogada, a ProActiva encontrou os corpos da outra mulher e da criança.

Segundo o jornal "Diario de Mallorca", Josefa receberá status de refugiada e pretende denunciar a Líbia por ter abandonado o barco e a Itália por ter se recusado a dar autorização para o desembarque dos cadáveres no Porto de Catânia.

Josefa deve passar a noite em um hospital e depois será levada para um convento que já abriga os refugiados do navio Aquarius, que atracou há um mês em Valência, após ter sido impedido de ancorar na Itália.

"Espero que o Ministério Público da Espanha investigue as guardas costeiras líbia e italiana", declarou o fundador da ProActiva, Oscar Camps, em uma coletiva de imprensa em Maiorca.

Mortes

Desde o início do ano, ao menos 1.107 migrantes forçados morreram ou desapareceram durante a travessia do Mediterrâneo Central, número que representa uma queda de cerca de 50% em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, desde a posse do novo governo italiano, em 1º de junho, a quantidade de fatalidades voltou a subir. Em junho, foram 564 mortes e desaparecimentos, maior cifra para o mês desde o início da crise migratória na região, em 2014.

Em julho, já são pelo menos 153 vítimas, número superior às 68 de 2017, mas ainda longe do recorde de 839 registrado no mesmo mês de 2014. Os dados são da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A deriva contra migrantes forçados é capitaneada pelo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que alega que a maioria esmagadora das pessoas que chegam ao país não foge de guerras, embora essa não seja a única condição para alguém obter proteção internacional.

O país já proibiu navios de ONGs de atracarem em seus portos e cobra a distribuição dos deslocados externos entre todos os países da União Europeia.

Números

Atualmente, o Estado-membro da UE que mais acolhe refugiados e solicitantes de refúgio em relação a sua população é a Suécia, com 292.608 (2,92% de seu total de habitantes). Em seguida aparecem Malta, com 9.378 (2,03%); Áustria, com 171.567 (1,95%); Chipre, com 15.063 (1,69%); e Alemanha, com 1.399.669 (1,69%).

A Itália é o 11º, com 353.983 (0,58%), atrás de Grécia, com 83.220 (0,77%); Dinamarca, com 39.937 (0,69%); Holanda, com 109.678 (0,64%), Luxemburgo, com 3.541 (0,59%); e França, com 400.304 (0,59%).

Já os que menos acolhem são Portugal, com 1.668 (0,01%); Eslováquia, com 949 (0,01%); Croácia, com 919 (0,02%); Romênia, com 5.464 (0,02%); e Estônia, com 455 (0,03%). Os dados são do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e do Banco Mundial.

Ansa - Brasil   
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