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Mundo

Rabino de Roma critica Vaticano por 'sensacionalismo'

Segundo Di Segni, arquivos de Pio XII oferecem conclusões fáceis

3 mar 2020 - 11h23
(atualizado às 11h32)
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O rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, acusou o Vaticano de "sensacionalismo" na divulgação dos arquivos secretos do pontificado de Pio XII (1939-1958), que estão disponíveis para historiadores desde segunda-feira (2).

Papa Pio XII, em foto de arquivo
Papa Pio XII, em foto de arquivo
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Segundo Di Segni, os fascículos relativos à atuação de Eugenio Pacelli no período do Holocausto oferecem "conclusões fáceis de bandeja". "É muito suspeito esse sensacionalismo, mas basta pouco para perceber que as escassas revelações se mostrarão um bumerangue para os apologistas", criticou, em entrevista à ANSA.

O rabino-chefe de Roma disse que os arquivos revelam "claramente" que o Vaticano não demonstrou vontade de "parar o trem de 16 de outubro" de 1943, quando mais de mil judeus da capital italiana foram deportados para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia.

O Vaticano alega que Pio XII promoveu uma diplomacia de bastidores para salvar o maior número possível de pessoas, inclusive abrigando judeus em igrejas e conventos na Itália. Di Segni, por sua vez, afirma que essa atuação era voltada a pessoas com origem judaica, porém batizadas no catolicismo.

"Depois de dizerem que seriam necessários anos de estudo, agora a solução aparece no primeiro dia como um coelho tirado da cartola. Por favor, deixem os historiadores trabalharem", disse o rabino.

Entre os primeiros arquivos já disponibilizados em formato eletrônico está um fascículo que reúne os nomes de 4 mil judeus e seus pedidos de ajuda. Um deles revela que o arcebispo italiano Alfredo Ottaviani (1890-1979), que na época trabalhava na Secretaria de Estado, forneceu documentos falsos a judeus e os abrigou em edifícios da Santa Sé fora do Vaticano.

Ansa - Brasil   
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