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Quem vai mudar primeiro: Meghan ou a Família Real?

Atriz de Hollywood teria que se adaptar a algumas regras, como deixar o emprego e ter uma postura pública mais discreta.

19 mai 2018 - 10h27
(atualizado às 13h14)
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Todo casamento real é diferente. Mas todo casamento real é uma oportunidade, de alguma forma, de "relançar" a família real.

Grandes casamentos como esse acontecem raramente e eles são objeto de fascínio mundial. Então, isso significa uma grande oportunidade de dizer: "É assim que a família real é hoje em dia".

Mas esse, em específico, é diferente por vários motivos. Um deles é o estilo do casamento. Desde pequenas coisas, como o bolo - não haverá o tradicional bolo gigantesco de frutas com a cobertura branca -, até algumas coisas maiores, como um coral gospel tocando na recepção.

Outras decisões que Harry e Meghan Markle fizeram e que chamaram atenção foram relacionadas aos convidados. Eles autorizaram a presença de 1,2 mil membros do público para acompanharem a cerimônia nos jardins do Castelo de Windsor.

Depois de sua morte, em 1997, a mãe de Harry, Diana, foi chamada pelo primeiro-ministro à época, Tony Blair, de "a princesa do povo".

Esse pode não ser o "casamento do povo", mas parece o mais próximo que se poderia chegar disso em um casamento real. Desde o início, o casal disse que gostaria de fazer desse um evento mais inclusivo - e eles têm se esforçado bastante para isso para os padrões de realeza.

Vai parecer e passar uma sensação diferente de qualquer outro casamento real que aconteceu antes. E, claro, o casamento também é diferente por conta da noiva - que é bem diferente.

Não é porque ela é uma plebeia. Já houve algumas não-aristocratas que entraram para a família nos últimos anos.

Não é também porque ela é divorciada, embora faça apenas 82 anos que um futuro rei abdicou do trono para casar com uma divorciada e 50 anos que a falecida princesa Margaret renunciou ao amor de sua vida porque ele era divorciado.

A mãe de Meghan é negra, e o pai é branco - ela se considera 'birracial'
A mãe de Meghan é negra, e o pai é branco - ela se considera 'birracial'
Foto: PA / BBC News Brasil

E não é definitivamente porque Meghan é americana, afinal, casar-se com estrangeiros já é algo que faz parte da "rotina" da família real britânica.

A confusão sobre quem iria levar Meghan ao altar, porém, lembra uma diferença gritante - a família dela parece não saber as regras para se tornar um membro da família real, ou, se conhecem, claramente não poderiam se importar menos.

Mas a questão mais importante - e diferente aqui - é o fato de ela ser, de acordo com sua própria definição, "birracial". Sua mãe é negra, uma afro-americana - alguns diriam até que isso é "revolucionário" para a Família Real.

E tem mais. Ela tem (ou tinha) um emprego! Ela tem (tinha) um perfil público nas redes sociais. É uma comunicadora muito eficiente, aliás, muito melhor nesse aspecto do que qualquer membro da família real.

Mais do que isso, ela se declara abertamente feminista, é um membro importante da geração "#MeToo".

Sendo assim, a chegada de Meghan Markle representa uma grande mudança em uma instituição que ainda é claramente muito tradicional - e alguns diriam até bastante conservadora.

Há algum tempo que se fala em "modernizar" ou até mesmo "salvar" a monarquia. A família real precisa continuamente se renovar, e ela tem se mostrado bastante adepta disso.

Meghan é um fator preponderante nesse aspecto e, de certa forma, está levando a família real para a "era do Instagram" e das redes sociais, mas ainda é difícil entender quanto ela efetivamente será capaz de mudar.

Ela chegou a dizer antes que "nunca gostaria de ser uma mulher dondoca ("lady who lunches" ou "mulher que almoça" em tradução literal), sempre quis ser uma mulher que trabalha."

Só que na família real, seu papel seria outro: seria o de almoçar. Jantar. Tomar chá. Inaugurar hospitais e comparecer a instituições de caridade. E também de ter uma boa aparência, de concordar bastante, e não dizer muita coisa que vá muito além de "como você está" ou de comentários sobre o clima.

Não me levem a mal. São papéis importantes, um trabalho difícil e, muitas vezes, entediante, eu imagino. Mas isso não é o que Meghan estava acostumada a fazer/ser.

Então vamos esperar para ver: será que a Meghan é quem vai mudar a família real? Ou será que a família real é quem vai mudá-la?

Cinco mudanças na vida de Meghan ao se casar com Harry:
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