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Mundo

Protestos no Cazaquistão deixam 'dezenas' de mortos

Rússia enviou, após pedido do governo, primeiras tropas ao país

6 jan 2022 - 09h41
(atualizado às 09h53)
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Os protestos por conta do aumento do preço dos combustíveis no Cazaquistão tiveram o momento mais violento entre a noite desta quarta-feira (5) e a madrugada da quinta-feira (6), com as autoridades informando que "dezenas" de manifestantes foram mortos pelas forças policiais.

Protestos se intensificaram nos últimos dois dias
Protestos se intensificaram nos últimos dois dias
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Mais de mil pessoas ficaram feridas nesses dois dias, sendo que há pelo menos 400 hospitalizados e 62 em unidades de terapia intensiva (UTIs). Outras duas mil pessoas foram presas.

A situação mais crítica ocorre em Almaty, mas há atos em outras grandes cidades, como a capital Nur-sultan e Aktau.

"Dezenas de manifestantes foram eliminados e as suas identidades estão sendo confirmadas. Na última noite, forças extremistas tentaram tomar os prédios administrativos e o departamento de política de Almaty, além de outros departamentos e bases da polícia local", disse o porta-voz da polícia, Saltanat Azirbek, às agências russas de notícias Interfax e Tass.

Segundo o Ministério do Interior, outras 12 vítimas são policiais ou militares e 353 membros das forças de segurança ficaram feridos.

Já a emissora local "Khabar-24" informou que, ao menos, um dos mortos foi decapitado - sem identificar se era um agente ou um manifestante. A Tass publicou um vídeo em que mostra os soldados usando fuzis e armas de guerra sendo apontadas para o local onde havia a manifestação e disparando. Não há imagens das possíveis vítimas.

Com o andamento das manifestações, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), que reúne a Rússia e mais cinco ex-repúblicas soviéticas - Cazaquistão, Armênia, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão -, anunciou o envio de uma "força de paz russa" para "estabilizar o país".

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, informou que as primeiras tropas já foram enviadas para o país ainda na madrugada e que elas ficarão ali "por um período limitado de tempo para normalizar a situação".

Os protestos 

As manifestações no Cazaquistão, que tem um governo autoritário, começaram no último domingo (2) após o governo do então premiê Askar Mamin anunciar uma alta no aumento do preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), que é usado tanto nas residências como para abastecer veículos.

Centenas de pessoas saíram às ruas para um raro protesto em diversas cidades e, na terça-feira (4), o governo nacional decretou estado de emergência para conter os atos públicos. Na quarta, o presidente Kassym-Jomart Tokayev aceitou a renúncia do primeiro-ministro e nomeou interinamente para a chefia do governo o então vice-premiê, Alihan Smaiylov.

Nesta quinta, o interino anunciou que vai segurar o aumento do preço do GLP por mais seis meses para tentar acalmar a crise de "maneira urgente". "A medida é para tentar estabilizar a situação socioeconômica", diz o governo em nota oficial.

No entanto, os protestos se acentuaram e ficaram cada vez mais violentos de ambas as partes. Enquanto alguns grupos começaram a invadir prédios públicos, as forças de segurança começaram a atirar para matar os manifestantes.

A Rússia então acusou os Estados Unidos de estarem por trás da derrubada do governo, algo que Washington negou veementemente, dizendo ser parte da campanha de "desinformação russa".

Nesta quinta, a União Europeia também se manifestou sobre a crise cazaque e pediu que as "tropas de paz" respeitem "a soberania e a independência do Cazaquistão". "A UE condena a violência ocorrida em Almaty e em outras cidades e lamenta a perda de vidas humanas", disse ainda um porta-voz do escritório de Assuntos Exteriores, ressaltando a necessidade de "moderação".

Poder no país 

O Cazaquistão é um dos países mais ricos em petróleo e gás da Ásia Central e também é o mais influente no setor de energia, produzindo 60% dos combustíveis fósseis locais.

Sendo uma ex-república soviética desde 1991, o país só teve dois presidentes desde então: Nursultan Nazarbayev, que havia assumido o cargo em 1984, foi "eleito" e "reeleito" em pleitos sem adversários em 1999 e 2015, e só deixou o poder em 2019 após protestos; e Tokayev, que também foi eleito em um pleito bastante questionado por observadores internacionais.

No entanto, Nazarbayev continua sendo uma das figuras mais influentes dentro da política nacional como na regional, tendo cargos honorários em várias organizações. .

Ansa - Brasil   
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