PUBLICIDADE

Mundo

Professor de Oxford é acusado de vender fragmentos de Bíblia milenar

O professor de clássicos Dirk Obbink foi acusado pela Sociedade de Exploração Egípcia de vender 11 peças da Coleção Oxyrhynchus para o Museu da Bíblia, em Washington.

21 out 2019 - 15h52
(atualizado às 16h45)
Compartilhar
Exibir comentários
Professor Dirk Obbink é um dos principais especialistas em clássicos do mundo
Professor Dirk Obbink é um dos principais especialistas em clássicos do mundo
Foto: BBC News Brasil

A Universidade Oxford está investigando as acusações de que um de seus acadêmicos vendeu fragmentos antigos de uma Bíblia milenar arquivada na instituição para uma empresa americana.

O professor de clássicos Dirk Obbink foi acusado pela Sociedade de Exploração Egípcia (EES, sua sigla em inglês) de vender 11 peças da Coleção Oxyrhynchus.

Os itens — mantidos na Biblioteca Sackler da universidade — foram parar no Museu da Bíblia em Washington DC.

O professor Obbink, que foi procurado para comentar o caso, permanece na universidade.

Os textos gregos antigos escritos em fragmentos de papiro foram originalmente encontrados durante o início do século 20 na cidade egípcia de Oxirrinco — eles datam de cerca do ano 100 d.C.

Em uma declaração em seu site, a EES informou que o museu disse que os fragmentos foram vendidos.

A instituição disse que "o MOTB (Museu da Bíblia) informou que 11 dessas peças chegaram aos seus cuidados depois de serem vendidas às lojas Hobby Lobby pelo Prof. Obbink, a maioria em dois lotes em 2010."

A coleção Oxyrhynchus é armazenada na Biblioteca Sackler, que pertence à Universidade Oxford
A coleção Oxyrhynchus é armazenada na Biblioteca Sackler, que pertence à Universidade Oxford
Foto: BBC News Brasil

Ele acrescentou que não havia nomeado novamente o professor como editor geral da coleção em 2016 por conta de "preocupações que ele não dirimiu" sobre seu suposto envolvimento na comercialização de textos antigos.

Peças devolvidas

A EES disse que também o proibiu de acessar a coleção desde junho deste ano. A decisão foi tomada depois que veio a público um contrato de 2013 para a venda de quatro textos, feita por ele à Hobby Lobby, uma empresa de artesanato. A denúncia foi feita por um acadêmico de uma universidade australiana.

O MOTB concordou em devolver as 13 peças ao EES.

Em um comunicado, o museu disse que a Hobby Lobby havia adquirido os itens "de boa fé" entre 2010 e 2013 de um "especialista conhecido de Oxford", e que continuaria ajudando o EES a "recuperar outros itens que possam ter sido removidos".

Fragmentos deaparecidos apareceram no Museu da Bíblia em Washington DC
Fragmentos deaparecidos apareceram no Museu da Bíblia em Washington DC
Foto: MUSEUM OF THE BIBLE / BBC News Brasil

A Hobby Lobby se recusou a comentar as acusações.

Em 2017, a Hobby Lobby foi forçada a devolver milhares de artefatos contrabandeados que havia comprado para o MOTB. A empresa disse na época que "não acompanhava completamente as complexidades do processo de aquisições" e que confiava na experiência dos revendedores.

O presidente da Hobby Lobby, Steve Green, também atua como presidente do museu, que foi inaugurado em 2017, e estava por trás de sua fundação.

Um porta-voz da Universidade Oxford disse que a instituição está trabalhando junto "com a Sociedade de Exploração Egípcia com relação às alegações relativas a papiros da coleção Oxyrhynchus".

"A universidade está conduzindo sua própria investigação interna para procurar esclarecer os fatos."

Veja também:

Alotriofagia: o distúrbio alimentar que faz uma mulher comer pedras:
BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade