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Principais partidos do Reino Unido sofrem duro golpe em eleições locais por frustração com Brexit

3 mai 2019 - 16h21
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Eleitores ingleses frustrados com o impasse em torno do Brexit puniram o Partido Conservador, da primeira-ministra britânica, Theresa May, e a principal sigla de oposição, o Partido Trabalhista, em eleições locais, segundo resultados divulgados nesta sexta-feira.

Primeira-ministra britânica, Theresa May
11/04/2019
REUTERS/Yves Herman
Primeira-ministra britânica, Theresa May 11/04/2019 REUTERS/Yves Herman
Foto: Reuters

Os números da eleição de quinta-feira são mais um sinal de como o referendo britânico de 2016 para romper com a União Europeia dividiu o eleitorado para além do partidarismo tradicional, mas também são um primeiro indício do estrago que o Brexit fez nos dois grandes partidos.

    O Brexit abalou a reputação dos grandes partidos, ambos divididos internamente quanto a como ou até se conduzirão o país para fora da UE, que tiveram dificuldade para transmitir uma mensagem coesa aos eleitores dos dois lados.

    "Parece os eleitores, ponto final, dizendo: 'Uma praga sobre as casas de ambos'", disse John Curtice, importante especialista em pesquisas do Reino Unido.

    A frustração transbordou em alguns momentos. Um membro da plateia gritou "Por que você não renuncia?" antes de May discursar a conservadores no País de Gales. Algumas cédulas foram danificadas, já que alguns eleitores se recusaram a votar em qualquer uma das siglas.

    Com 90 por cento das urnas apuradas, o Partido Conservador havia sofrido uma perda de 1.124 assentos em conselhos ingleses locais nos quais buscava se reeleger --cerca de um quarto das vagas. Os trabalhistas, que normalmente esperariam conseguir centenas de assentos em uma votação de meio de mandato, ao invés disso perderam 100 deles.

    O maior beneficiário da indignação com os dois principais partidos foi o Partido Liberal-Democrata, que fez campanha exigindo abertamente um segundo referendo visando reverter o Brexit. Por ora eles conseguiram 599 conselheiros, dobrando suas cadeiras. Os Verdes, que também apoiam um segundo referendo sobre o Brexit, ganharam 164 assentos.

    O Partido da Independência (Ukip) pró-Brexit perdeu assentos, mas seu ex-líder criou um novo Partido do Brexit, que pediu a seus apoiadores para ficarem em casa ou danificarem suas cédulas.

    O Reino Unido deveria ter saído da UE em 29 de março, mas como o Parlamento rejeitou várias vezes o acordo de May sobre os termos da separação, ela foi forçada a buscar uma prorrogação.

    Agora o Brexit está previsto para outubro, e May negocia com os trabalhistas para encontrar um meio-termo. Mas não há expectativas de que as conversas da próxima semana rompam o impasse.

    Os resultados sugerem que os dois partidos principais podem levar uma surra nas eleições do Parlamento Europeu no dia 23 de maio, em que o Reino Unido terá que participar por não ter conseguido deixar o bloco até agora. Os conservadores e os trabalhistas enfrentarão uma gama de partidos que atraem seus ativistas com posições explicitamente pró e anti-Brexit.

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