Primeiro-ministro libanês renuncia em meio a protestos
"É hora de termos um grande choque para enfrentarmos a crise", declarou Saad al-Hariri
O primeiro-ministro do Líbano, Saad al-Hariri, disse que apresentará sua renúncia nesta terça-feira (29), declarando que chegou a um "beco sem saída" na tentativa de resolver uma crise desencadeada por grandes protestos contra a elite governante do país.
O político sunita se dirigiu à nação em um pronunciamento televisionado depois que uma multidão leal aos grupos muçulmanos xiitas Hezbollah e Amal atacou e destruiu um campo de manifestantes antigoverno em Beirute.
O Líbano está paralisado por uma onda inédita de protestos contra a corrupção desenfreada da classe política, que coletivamente lançou a nação em sua pior crise econômica desde a guerra civil de 1975-90.
"Durante 13 dias, o povo libanês esperou por uma decisão sobre uma solução política que acabe com a deterioração (da economia). E eu tentei, durante este período, encontrar uma saída por meio da qual ouvir a voz do povo", disse Hariri no pronunciamento.
"É hora de termos um grande choque para enfrentarmos a crise. Irei ao palácio (presidencial) Baabda para apresentar a renúncia do governo. A todos os parceiros da vida política, nossa responsabilidade hoje é como protegemos o Líbano e ressuscitamos sua economia."
No centro de Beirute, homens vestidos de preto e munidos de varas e canos desmantelaram o campo de manifestantes, que havia se tornado o cerne das manifestações de âmbito nacional contra a elite.
Os tumultos agravaram a crise econômica aguda do Líbano, e as pressões financeiras provocaram uma escassez de moeda forte e o enfraquecimento da libra libanesa. Os títulos do governo despencaram devido aos distúrbios.
A demonstração de força na capital veio depois de o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, dizer na semana passada que as ruas interditadas pelos manifestantes deveriam ser liberadas e insinuar que estes são financiados pelos inimigos de seu grupo e implantam sua pauta.
Trata-se dos confrontos mais graves nas ruas de Beirute desde 2008, quando combatentes do Hezbollah assumiram o controle da capital durante um conflito armado de curta duração com adversários libaneses leais a Hariri.