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Primeiro-ministro japonês pede desculpas em meio a escândalo e promete revisar constituição

25 mar 2018 - 12h20
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O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, cuja aprovação cai em meio a um escândalo de fisiologismo e sua tentativa de acobertá-lo, pediu desculpas neste domingo por causar ansiedade e perda de confiança em seu governo.

Manifestantes exigiram a renúncia de Abe, enquanto a polícia mantinha a segurança de forma rígida do local onde foi realizado a convenção anual de seu partido, onde o premiê ressaltou intenção em revisar a constituição pacifista redigida pelos Estados Unidos no pós 2a guerra mundial.

Abe enfrenta sua maior crise política desde que assumiu o poder em dezembro de 2012, enquanto pairam suspeitas sobre a venda de terras de propriedade estatal com grandes descontos a um operador de escolas nacionalistas que teria ligações com sua esposa.

"Esse problema atingiu a confiança do povo nessa administração", disse Abe na convenção. "Como chefe do governo, eu sinto minha responsabilidade e gostaria de me desculpar profundamente com o povo."

Ele prometeu um amplo esclarecimento dos fatos e a prevenção de recorrências, unindo o governo, mas não ofereceu sinais de que renunciará.

Abe nega que ele ou sua esposa tenham intervido na venda ou que procuraram alterar documentos relacionados à negociação. O aliado próximo, o ministro das Finanças, Taro Aso, também negou envolvimento nas alterações feitas por autoridades ministeriais.

Pesquisas de opinião pública no último final de semana mostraram que o apoio ao governo de Abe caiu para 31 por cento, com a maioria dizendo que ele tem alguma responsabilidade na questão.

A queda na popularidade pode abalar as esperanças de Abe em conquistar um terceiro termo nas urnas, como líder do partido Liberal Democrático (LDP), em setembro, vitória que poderia fazer dele o primeiro-ministro japonês com maior tempo no governo.

Também na convenção do partido, o LDP adotou a proposta de revisar a constituição pacifista de acordo com um plano idealizado por Abe no ano passado para se referir explicitamente às Forças de Auto-defesa, como é conhecido o exército japonês.

"A hora chegou finalmente para enfrentar a revisão constitucional, que tem sido uma tarefa desde a fundação do partido", disse Abe. "Vamos estipular as Forças de Auto-defesa e colocar um fim na controvérsia sobre a violação da constituição".

Abe propôs em maio do ano passado que as primeiras duas cláusulas do Artigo 9, em que o Japão renuncia o direito de fazer guerra e proíbe a manutenção de um exército, sejam mantidas, mas que seja acrescentada uma referência às Forças de Auto-defesa para esclarecer a situação ambígua da questão.

Apesar da proibição literal ao Exército, sucessivos governos interpretam a norma para permitir a existência de uma força militar exclusiva para a defesa.

Abe quer deixar essa postura clara na própria constituição, mas diz que a mudança não irá alterar a política de segurança no Japão. Críticos dizem que a revisão poderia abrir caminho para um papel maior das forças militares fora do país.

A constituição japonesa nunca foi alterada e quaisquer mudanças necessitam de aprovação de dois terços de cada uma das casas do parlamento e maioria num referendo público.

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