PUBLICIDADE

Mundo

Pressionado, Salvini ganha sobrevida no comando da Liga

Conselho aprovou linha política do senador por unanimidade

5 nov 2021 - 13h02
(atualizado às 13h08)
Compartilhar
Exibir comentários

Pressionado pela queda de popularidade, o senador e ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini ganhou sobrevida no comando do partido de ultradireita Liga.

Salvini fala com a imprensa após reunião do conselho federal da Liga, em Roma
Salvini fala com a imprensa após reunião do conselho federal da Liga, em Roma
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Após uma reunião de quase cinco horas na última quinta-feira (4), o conselho federal da legenda aprovou por unanimidade a linha política de Salvini, que vinha sendo questionado internamente por manter laços próximos com a extrema direita europeia enquanto participa de um governo abertamente europeísta.

A assembleia reuniu os principais expoentes da Liga, como os governadores Luca Zaia (Vêneto) e Massimiliano Fedriga (Friuli Veneza Giulia) e o ministro do Desenvolvimento Econômico, Giancarlo Giorgetti, que havia insinuado uma insatisfação com a postura do senador.

"Foi um debate belo e útil, e vamos buscar resultados em alguns temas, como corte de impostos, justiça e os esquecidos pela esquerda. Voto unânime e pleno mandato ao secretário, que agora tem fome e vai comer uma massa em casa, sem pizza", disse Salvini ao sair da reunião.

A declaração foi uma estocada em Giorgetti, flagrado recentemente em uma pizzaria de Roma com o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).

Giorgetti, por sua vez, afirmou que Salvini "ouviu todo mundo" e que "a Liga é uma só". "O secretário vai saber sintetizar [a opinião de todos]", acrescentou o ministro do Desenvolvimento Econômico, que também é vice-secretário do partido de ultradireita.

No início da semana, Giorgetti havia criticado o senador por sua proximidade com eurocéticos na UE, como a francesa Marine Le Pen e partido Alternativa para a Alemanha (AfD), ao mesmo tempo em que a Liga participa de um governo pró-UE encabeçado por Mario Draghi.

"Entendo a gratidão com Le Pen, que 10 anos atrás o acolheu no seu grupo, mas a aliança com a AfD não tem justificativa. Às vezes, [Salvini] diz uma coisa e faz outra, ele pode fazer coisas decisivas, mas não as faz", disse Giorgetti.

A dificuldade de Salvini em aliar um discurso de oposição com seu apoio a Draghi se refletiu nas pesquisas: entre 2019 e 2020, a Liga nadou de braçada e foi a força mais popular da Itália, mas esse posto agora é dividido entre o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e a legenda de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), historicamente próxima de movimentos neofascistas.

Liderado pela deputada Giorgia Meloni, o FdI é o único grande partido de oposição no país, mas, ao mesmo tempo, integra uma aliança conservadora com a Liga e o Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, em administrações regionais e municipais.

Seu crescimento nas pesquisas, no entanto, expôs as divergências com a Liga e colocou em xeque a hegemonia de Salvini na coalizão de direita.

O senador é secretário da Liga desde 2013 e, com um discurso eurocético e anti-imigração, a transformou em uma das maiores forças de extrema direita na União Europeia. Além disso, abandonou o antigo pleito do partido pela autonomia do norte, inclusive excluindo essa palavra do nome da legenda.

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade