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Presidente do Irã diz que morte de Amini é 'incidente trágico', mas 'caos' é inaceitável

28 set 2022 - 21h41
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O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse na quarta-feira que a morte de uma jovem sob custódia policial "entristece" todos na República Islâmica, mas alertou que o "caos" não será aceito em meio a protestos violentos pela morte de Mahsa Amini.

A morte de Amini há duas semanas desencadeou protestos antigovernamentais em todo o Irã, com manifestantes muitas vezes pedindo o fim das mais de quatro décadas do establishment clerical islâmico no poder.

"Todos nós estamos tristes com este trágico incidente... (No entanto) o caos é inaceitável", disse Raisi em entrevista ao canal de TV estatal, enquanto os protestos continuavam em todo o país.

"A linha vermelha do governo é a segurança do nosso povo... Não se pode permitir que as pessoas perturbem a paz da sociedade por meio de tumultos."

Apesar de um número crescente de mortos e uma repressão feroz das forças de segurança usando gás lacrimogêneo, cassetetes e, em alguns casos, munição real, vídeos de mídia social mostraram iranianos persistindo em protestos, cantando "Morte ao ditador".

Ainda assim, um colapso da República Islâmica parece remoto no curto prazo, já que seus líderes estão determinados a não mostrar o tipo de fraqueza que acreditam ter selado o destino do xá, apoiado pelos EUA, em 1979, disse um alto funcionário iraniano à Reuters.

Manifestações furiosas se espalharam por mais de 80 cidades em todo o país desde a morte de Amini, de 22 anos, em 13 de setembro, depois que ela foi presa por usar "trajes inadequados" pela polícia de moralidade, que aplica o rígido código de vestimenta da República Islâmica.

Amini, que era da cidade curda de Saqez, no noroeste do país, morreu no hospital depois de entrar em coma, provocando a primeira grande manifestação de dissidência nas ruas do Irã desde que as autoridades reprimiram os protestos contra o aumento dos preços da gasolina em 2019.

Raisi, que ordenou uma investigação sobre a morte de Amini, disse que "a perícia apresentará um relatório sobre sua morte nos próximos dias".

A mídia estatal disse que 41 pessoas, incluindo membros da polícia e uma milícia pró-governo, morreram durante os protestos. Grupos iranianos de direitos humanos relataram um número maior.

Dezenas de celebridades iranianas, jogadores de futebol e artistas - dentro e fora do país - apoiaram as manifestações. O judiciário linha-dura do Irã disse que vai apresentar queixa contra eles, de acordo com a mídia estatal.

Teerã acusou os Estados Unidos e alguns países europeus de usar a agitação para tentar desestabilizar a República Islâmica.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS PB

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